Delegacias de polícia estão sem papel e toner para impressoras

Após o jornal Folha de Boa Vista receber denúncia de que delegacias de polícia apresentam deficit de materiais indispensáveis para o atendimento ao público, como papel e tinta para registrar os Boletins de Ocorrência (BO) nas Unidades Policiais, a reportagem procurou o Sindicato dos Policiais Civis de Roraima (Sindpol) que confirmou a reclamação.

Segundo o sindicato, atualmente servidores públicos têm encontrado dificuldades para trabalhar, pois quando precisam de papel é necessário comprar as folhas e levar para o atendimento a fim de serem usadas naquela ocorrência. Além da falta de papel, há também a carência de impressoras, tintas e combustíveis para as viaturas transitarem.

Segundo Leandro Almeida, presidente do Sindpol, quando o cidadão chega até a delegacia e não tem o papel para fazer o B.O. precisa voltar para casa sem registrar o crime. A Central de Flagrantes, responsável por realizar os autos de prisões da capital, hoje está apenas com uma impressora.

“Para atender à população, os colegas dão um jeito, fazem vaquinha, compram uma resma de papel, alguns do setor de operações, que é uma equipe permanente, normalmente compram e ficam usando a conta gotas. O cidadão já cansou de chegar até a Unidade Policial para fazer o B.O. e ouvir da boca do servidor que não tem papel, então eles vão comprar a quantidade específica para o uso daquela ocorrência. Caso haja sobra, eles levam as demais folhas para casa. Nós orientamos os policiais a não receberem nenhum tipo de doação dessa forma, porque isso pode futuramente complicar o servidor, podendo concluir que o policial está exigindo do cidadão que leve o seu próprio papel. Existem pessoas que preferem não mais procurar a Polícia Civil e deixam por isso mesmo, pois é um transtorno ir, não tem gente para apurar, não tem combustível para as viaturas transitarem, então a pessoa diz que é melhor não fazer nada”, denunciou.

O presidente do Sindpol esteve reunido nesta terça-feira (30) com o Delegado-geral, Herbert de Amorim Cardoso, e abordou também a questão do deficit de materiais nas delegacias informando que “foram feitas duas aquisições de papel na ordem de 1500 resmas cada. Uma dessas compras é o que está sendo utilizada atualmente e, conforme os cálculos, cada uma supre o período de quatro meses. Não houve ainda licitação para comprar por um ou dois anos, isso conforme ordem do governador que está racionando a aquisição do material”. Leandro afirma ainda que essa falta de material vem desde a crise instalada em 2018, na época da antiga administração.

A empresa contratada à época oferecia um serviço completo de cópias, papéis, impressão, e atendia uma parte significativa da Administração Estadual, não só a Polícia Civil. “A informação é que nas dependências da Secretaria de Segurança Pública (Sesp), onde funcionam várias delegacias, ficou apenas uma impressora para suprir as demandas de quatro unidades policiais que a compõem. A máquina, inclusive, se encontra no corredor localizado no último piso do prédio”, explicou.

“Esse contrato não era só dentro da Polícia Civil, mas sim do governo do Estado, e a polícia era atendida por ele. Por exemplo, a locação de viaturas e veículos não era um contrato da polícia civil, era um contrato do governo do Estado que tinha carros para a Polícia Militar, Polícia Civil, Agricultora, Secretaria de Estado da Saúde em Roraima (Sesau), com todas as pastas. Não era um contrato da Delegacia geral, e sim do governo do Estado”, explica Leandro Almeida.

OUTRO LADO – A Delegacia Geral da Polícia Civil de Roraima informou que os contratos estão sendo ajustados e, em alguns casos, relicitados devido às inúmeras dívidas deixadas pela gestão anterior.

Informações: Folha de Boa Vista