Médica denuncia atraso de pagamento e detalha condições precárias na Maternidade

Médicos do Hospital Materno Infantil Nossa Senhora de Nazaré e Hospital Geral de Roraima (HGR) estão há mais de um mês com salário e o pagamento de plantões atrasados. A denúncia foi feita pela médica ginecologista Emília Alexandrino nesta terça-feira (3). Ela frisou que são prejudicados profissionais que recebem pela Cooperativa Brasileira de Serviços Múltiplos de Saúde (Coopebras).

“Não recebemos ainda os plantões de janeiro. Todos os meses pagamos juros nos bancos, entramos no cheque especial, tendo trabalhado igual ‘burro de carga’ nas unidades do Estado. Não é justo! Trabalhamos duro e não se justifica pagarmos juros com dinheiro para receber”, desabafou.

Segundo a médica, o atraso é constante e nada tem sido feito para resolver a situação. Ela afirma ter entrado em contato com a Cooperativa para tratar sobre o assunto, mas recebeu resposta de que o governo não fez repasses à empresa.

“Estamos solicitando que o governador Antonio Denarium atualize e autorize o repasse da folha da Coopebras. Esse governo atual está sendo carrasco com os profissionais da saúde e com a saúde da população”, criticou.

Ainda conforme a ginecologista, os profissionais estão cansados e procuram uma maneira de deixar o estado. “Estamos todos no limite. Cansados, exaustos, adoecendo. Todos nós estamos procurando uma forma de deixar o Estado. Nos grupos chovem todos os dias postagens de concursos e ofertas de emprego para médicos em outros lugares”, disse.

FALTA DE EQUIPAMENTOS

Segundo Emília, a falta de materiais de expediente e o sucateamento das unidades de saúde são outros problemas que preocupam os profissionais. Ela relatou que faltam leitos, medicamentos, insumos e equipamentos essenciais na Maternidade. Disse que durante os plantões os médicos têm de escolher quem vai ou não ser atendido.

“Temos a difícil tarefa de escolher em que vai ser aplicada a última ampola de anestésico, de antibiótico, de analgésico ou anti-inflamatório, colocar a última sonda ou bolsa coletora, usar o último LAP cirúrgico para cesárea, usar o último fio adequado, direcionar o último leito disponível na UTI e trabalhar constantemente com materiais inadequados”, lamentou.

A médica contou que a central de material e esterilização da maternidade está quebrada e o material cirúrgico está sendo esterilizado no HGR. De acordo com ela, os profissionais não têm banquetas para sentar e realizar a suturas dos partos normais e nem foco para iluminar durante os procedimentos.

“Não temos um único detector fetal para auscultar os batimentos cardio-fetais na sala de parto. Não temos carrinho de ressuscitação cardiopulmonar nas enfermarias, centro obstétrico ou emergência. Atualmente só temos um aparelho de bisturi elétrico funcionando e o fio catgut cromado, que tanto utilizamos nas cesáreas e partos normais, está em falta há semanas. Enfim, contamos com pouco para prestar assistência”, afirmou.

De acordo com a ginecologista, o hospital enfrenta ainda problemas estruturais, na rede elétrica e hidráulica. “Muitas torneiras, chuveiros e descargas estão quebrados. A grande maioria das centrais de ar também não funciona. Além disso, tem goteiras por todo lado e quando chove tudo fica alagado”, concluiu.

Informações: Roraima em Tempo