Indígenas contrários ao isolamento social queimam ponte em comunidade de Roraima

A comunidade indígena Manoá, situada no Bonfim, enfrentou um dia de conflitos internos nessa terça-feira (2). Um grupo não favorável ao isolamento social das comunidades se rebelou e ateou fogo na ponte de acesso ao local. Ninguém ficou ferido.

O grupo também tentou nomear uma representante como tuxaua e buscou reconhecimento do Conselho Indígena de Roraima (CIR). A assessoria da entidade informou que acata decisões feitas com o consentimento de toda a comunidade, não tomando lado em situações de divergência interna.

As discussões iniciaram em maio, pouco antes da divulgação de lideranças da Terra da Manoá/Pium de que haveria um ‘lockdown’ por 15 dias, proibindo aglomerações, acesso de pessoas de fora, e bebidas alcoólicas.

Segundo o tuxaua da comunidade Manoá, Johin Josiel, os membros contrários ao isolamento começaram a planejar uma rebelião contra ele após saberem das medidas extremas que seriam tomadas contra a pandemia, e queimaram a ponte como forma de protesto.

“Eles estão querendo fazer uma eleição ilegal para tuxaua, quebraram regimentos, provocaram aglomerações fazendo cinco reuniões, queimaram a ponte e ainda cortaram ela com uma motosserra”, contou.

O tuxaua acusa o grupo opositor de ter exposto as aldeias da região ao coronavírus, além de terem desrespeitado as recomendações da Organização Mundial da Saúde (OMS) e o decreto de isolamento social do Bonfim.

“Só na minha comunidade têm seis contaminados, com dois já mortos. Tomamos todos os cuidados que podemos, com fim de festas, cultos e reuniões. Mas eles foram irresponsáveis”, reforçou

O CIR informou que está tomando as medidas legais cabíveis para garantir a resolução do conflito, e que acionará a Fundação Nacional do Índio (Funai) para auxiliar na conciliação.

Informações: Roraima em Tempo – foto: Divulgação