Polícia investiga bando suspeito de traficar crianças venezuelanas em RR

Homem foi preso na Rodoviária Internacional de Boa Vista quando tentou sequestrar menina de 1 ano em 20 de junho — Foto: Emily Costa/G1 RR
Homem foi preso na Rodoviária Internacional de Boa Vista quando tentou sequestrar menina de 1 ano em 20 de junho — Foto: Emily Costa/G1 RR

A Polícia Civil de Roraima está investigando uma quadrilha suspeita de traficar crianças e bebês venezuelanos. Um brasileiro suspeito de integrar o grupo foi preso em flagrante em junho quando tentava sequestrar uma menina de 1 ano, em Boa Vista.

Conforme as investigações, além do brasileiro a quadrilha teria pelo menos outros quatro integrantes, todos venezuelanos que entraram no Brasil com vistos de turismo.

A polícia falou a respeito do caso após uma reportagem do G1 revelar denúncias de mães venezuelanas que relataram assédio para vender os filhos em Roraima. Segundo elas, as ofertas variavam entre R$ 200 e R$ 6 mil por cada criança.

Conforme a delegada Francilene Hoffman, do Distrito de Repressão às Ações Criminosas Organizadas (Draco), a polícia recebeu denúncias sobre a quadrilha após a prisão do brasileiro Ivan da Silva Rocha, de 22 anos, no dia 20 de junho.

Rocha tentou levar uma criança que estava na Rodoviária Internacional de Boa Vista, mas a mãe, de 20 anos, conseguiu pedir socorro a militares do Exército e ele acabou detido.

Em depoimento à Polícia Civil, a jovem disse que na noite anterior, no dia 19 de junho, o suspeito também tentou sequestrar a garota. Mãe e filha estão em situação de rua e pernoitam em um barraca atrás da rodoviária.

Após a prisão, o pai de um garoto de 11 meses também venezuelano foi à delegacia para denunciá-lo por tentar sequestrar seu filho.

Ele disse que na noite de 30 de maio dormia dentro de uma barraca atrás da rodoviária, quando acordou e viu o suspeito fugindo com o menino. Ao ser flagrado, ele abandonou a criança e correu. A família havia chegado a Boa Vista naquele mesmo dia.

“Levantamos a informação de que ele e os outros quatro suspeitos estariam juntos para aliciar mães venezuelanas a entregarem os filhos, mas não temos ainda detalhes de onde eles estão agindo e nem fotos deles”, afirmou a delegada Francilene Hoffman. “Pedimos que a população nos ajude repassando informações e imagens que nos auxiliem nas investigações”.

Em depoimento à delegada Miriam Di Manso, na Central de Flagrantes, logo após a prisão, Ivan da Silva Rocha negou as duas acusações, mas foi autuado em flagrante por tentativa de sequestro majorado.

“Ele negou, mas consideramos que a prática criminosa seja para o tráfico de órgãos ou venda para adoções”, disse a delegada Miriam Di Manso. “Crianças também são escravizadas, prostituídas, e não podemos esquecer de casos de bebês mortos para que dentro deles sejam transportadas drogas. Nunca ocorreu aqui, mas pode acontecer”.

Após a prisão, Ivan da Silva Rocha foi apresentando em audiência de custódia e solto por determinação da juíza Bruna Zagallo. Na decisão, a magistrada considerou não haver razão legal para manter a detenção em flagrante.

Mesmo com a soltura do brasileiro, o caso foi remetido para investigação do Draco e do Núcleo de Proteção à Criança e ao Adolescente (NPCA).

Além desse caso, as polícias Civil e Federal também apuram denúncias de vendas de crianças venezuelanas em Roraima. Tanto o Ministério Público Estadual quanto o Federal têm ciência e acompanham as investigações.

O número de venezuelanos que saiu do país já chegou a 4 milhões, de acordo com a ONU. O Brasil é a quinta nação que mais recebeu refugiados: são 168 mil, o que equivale a 4,2% do total.

Em 2018, 61.681 mil venezuelanos pediram refúgio no Brasil, 81% deles só no estado fronteiriço de Roraima.

Informações: G1 Roraima