Produtores protestam em Roraima após sumiço de grãos causar prejuízo de R$ 15,6 milhões

Produtores de soja e milho protestaram no Centro Cívico de Boa Vista nessa segunda-feira (10). Eles exigem esclarecimentos da Polícia Civil e Ministério Público do Estado de Roraima (MPRR) sobre as investigações do desaparecimento de um terço de todos os grãos que estavam armazenados no Complexo de Silos de Monte Cristo.

O sumiço foi constatado no dia 18 de fevereiro. Ao todo, o prejuízo foi de R$ 15,6 milhões para 35 produtores, que registraram boletim de ocorrência do caso e, desde então, aguardam providências. Entretanto, a investigação corre em segredo de Justiça.

À época, o complexo era administrado pela Cooperativa Grão Norte. Devido ao desaparecimento dos produtos, a Secretaria Estadual de Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Seapa) e a Procuradoria-Geral do Estado exigiram a entrega do bem, que deve ser vendido, mas por enquanto é de responsabilidade do Governo de Roraima.

Um dos produtores prejudicados, Anderson Gibbert contou que perdeu todas as 10,5 toneladas produzidas por ele em 2019, o que totaliza prejuízo de R$ 1 milhão. “80% do dinheiro sequer acabaria no meu bolso, pois tenho que custear funcionários, despesas, combustível, maquinário, entre outras coisas”, disse.

A manifestação, que tem parte do maquinário dos produtores afetados com cartazes, aponta que 6,6 milhões de quilos de milho e outros 5,4 milhões de soja foram roubados.

Anderson destacou que a suspeita dos produtores é de que após os silos estarem totalmente cheios, em meados de setembro do ano passado, os grãos foram furtados aos poucos, de forma sistemática, até o desaparecimento ser percebido em fevereiro.

“Nós não temos data para parar com o movimento. Se não recebermos uma manifestação nos próximos dias, iremos expandi-lo. Já se passaram seis meses, queremos ao menos que haja uma confirmação que podemos ficar tranquilos quanto ao andamento da investigação, que haja um bloqueio de bens se possível”, reforçou.

CITADOS

O vice-presidente da Grão Norte, Afrânio Weber, informou à reportagem que a cooperativa não irá se pronunciar sobre a manifestação por enquanto, e que um retorno com base jurídica está sendo elaborado. “Tão logo a assessoria jurídica da cooperativa elabore a nota, enviaremos à imprensa”, complementou.

Já a Seapa disse que o Governo do Estado retomou a administração dos Silos e, a partir de agora, se compromete a trabalhar com transparência para que os produtores tenham segurança e confiança.

A Polícia Civil acrescentou que foi decretado segredo de justiça em relação aos fatos, razão pela qual não pode passar detalhes. “Outrossim, informa ainda que a medida, de cunho legal, possibilita tranquilidade e isenção na apuração dos diversos crimes denunciados em sua plenitude o que inclui autoria e materialidade”, finalizou.

Informações e foto: Roraima em Tempo