Quem mandou sequestrar Romano dos Anjos?

Romano foi sequestrado no dia 26 de outubro de 2020, torturado pelos criminosos e deixado na região do Bom Intento, zona Rural de Boa Vista

Perto de completar três meses desde que fora arrancado de casa por sequestradores, o jornalista Romano dos Anjos ainda traz no corpo e na mente as marcas do terror e da selvageria desta era, quando a verdade precisa ser abafada em nome de ideais escusos. Ainda há muito a ser dito e revelado. E o principal questionamento é: quem mandou sequestrar Romano dos Anjos?

Não é dúvida para ninguém que gente “grande” pagou muito bem para que homens encapuzados dessem um “cala boca” no jornalista, que a serviço da população – como deve ser a missão social de todos os profissionais da área –, diariamente, denunciava os desmandos e as falcatruas com o dinheiro público. E isso incomodava bastante quem tinha as reservas públicas como “mina de ouro”.

As investigações estão em andamento, mas muito já foi feito para barra-las. Valeu até manobras para que a incumbência de elucidar o caso passasse para as mãos da Polícia Civil de Roraima para a Polícia Federal. Teve gente até que “vestiu a carapuça” antes mesmo que detalhes do inquérito fossem levados ao conhecimento público. Pior ainda: teve quem defendesse quem se “entregou” antes de ao menos ter sido citado. Aí tem coisa, não acham?

E agora, surge nova evidência de que as “forças ocultas” vão continuar a agir para que a verdade seja revelada: o delegado responsável pelo caso foi “acuado” por outras forças de segurança, como se mandassem um recado para não prosseguir com as investigações. O jogo ainda está rolando. E ainda está longe do apito final.

Parando aqui com a subjetividade, até quando o Governo do Estado vai continuar com a inércia diante do sequestro do jornalista? Porque as investigações não prosseguem com a devida força? Até quando a população vai ficar sem resposta? Por que Antônio Denarium tentou tirar o Governo de campo no âmbito das investigações? Por que as imputações de delitos para cima do delegado João Evangelista, que ao que tudo indica, já tem uma hipótese bem definida quanto ao caso?

Todos os questionamentos aqui têm como base a seguinte situação: ontem foi Romano. Amanhã pode ser qualquer um que se oponha e denuncie quaisquer atos de corrupção. A verdade não pode ser sufocada. É dever do jornalista, enquanto cidadão e agente mediador entre a sociedade e o poder público, se pautar pela verdade dos fatos. E não há “poderosos” que resistam a isso.