Mais de 70% dos atendimentos do Hospital da Criança são classificados como verde e azul, menos graves

"O Hospital da Criança é o único de Roraima onde o paciente que entra para ser atendido sai de lá com o tratamento na mão. Isso não acontece em nenhum outro hospital público no Estado”, destacou o prefeito Arthur Henrique

O prefeito Arthur Henrique concedeu entrevista nesta terça-feira (13), onde falou à população, entre outros assuntos, a respeito da alta demanda no Hospital da Criança Santo Antônio. Segundo dados da Secretaria Municipal de Saúde (Smsa), dos 55 mil atendimentos no hospital (entre janeiro e junho), 70% são de classificação verde e azul, ou seja, pouco urgente ou não-urgente.

A demora no atendimento na emergência da unidade acontece exclusivamente no protocolo de atendimento preconizado pelo Ministério da Saúde nos casos de classificação de risco baixo (azul e verde). Dessa forma, em escala de gravidade, os casos mais complexos e urgentes (amarelo e vermelho) têm alta prioridade, uma vez que o Hospital atua no âmbito de urgência e emergência.

A diretora do hospital, Mareny Damasceno, pediu a compreensão das famílias, e explicou que o período chuvoso influencia diretamente no aumento do número de pacientes, o que prolonga o tempo de atendimento. Além disso, a maior parte dos casos atendidos podem ser resolvidos diretamente nas unidades básicas de saúde.

“A maioria dos pacientes que chegam ao hospital têm situações que podem ser resolvidas nas 26 UBS’s que não atendem casos exclusivos de covid-19. Assim, sempre que chega uma criança com um problema mais grave ou em caso mais complexo, essas acabam passando na frente daquelas que estão com sintomas mais leves, como um resfriado, por exemplo”, explicou.

Outra situação que pode influenciar no aumento na demanda é a preferência que os pais têm pelo hospital, em relação às UBS. O prefeito Arthur ressaltou que o Santo Antônio, por ser um hospital de referência, adota um procedimento que vai desde o atendimento inicial, diagnóstico e tratamento das doenças.

“No Hospital da Criança, tudo é resolvido no mesmo dia. A criança não vai até lá e sai apenas com o diagnóstico. Ou seja, é o único hospital de Roraima onde o paciente que entra para ser atendido sai de lá com o tratamento na mão. Isso não acontece em nenhum outro hospital público no Estado”, destacou.

Boa Vista já abriu 500 vagas para a saúde, mas vagas não são preenchidas

O prefeito Arthur também falou da alta necessidade que a rede municipal de saúde tem de profissionais. E mesmo abrindo vagas em seletivos e concursos públicos, a procura principalmente de médicos é baixa. Para ter uma ideia, no último seletivo, foram chamados nove médicos aprovados, mas apenas dois se apresentaram.

“O que acontece é que temos uma carência muito grande de profissionais em termos de quantitativo. A oferta de profissionais em Boa Vista não atende a nossa demanda. Ou seja: temos condições de contratar esses profissionais, mas infelizmente, a gente não tem a quantidade de profissionais necessária. Além disso, perdemos muitos profissionais com o cancelamento do programa Mais Médicos, pelo Governo Federal”.

Importante destacar que a prefeitura já finalizou o segundo processo seletivo deste ano para contratação de novos profissionais, que já estão reforçando os atendimentos tanto para o Hospital da Criança como para as UBS’s. O município também já convocou 90 aprovados em concurso público da área da saúde este ano.

Hospital foi 100% reformado e está bem equipado

Em oito anos, o município entregou oito blocos do hospital totalmente reformados e revitalizados

No mês passado, a Prefeitura de Boa Vista concluiu a última parte do projeto de reforma e ampliação do Hospital da Criança Santo Antônio, que comporta o Centro cirúrgico e o Centro de Materiais Esterilizados (CME). Dessa forma, a unidade conta com estrutura 100% reformada e ampliada.

Em oito anos, o município entregou oito blocos do hospital totalmente reformados e revitalizados, o bloco A (administrativo), onde fica a direção, as coordenações e os ambulatórios de especialidades. Também os blocos B, C e D, onde ficam o laboratório de Análises Clínicas, o setor de Imagem, Emergência, Trauma e UTI. O E e o H e o último o F.

Arthur destacou que o hospital é referência em todo o Estado, recebendo pacientes inclusive de outras localidades, como Manaus (AM) e dos países vizinhos, Venezuela e Guiana. E isso, somado às síndromes gripais ocasionadas pelas fortes chuvas, contribuem para a alta demanda na unidade de saúde.

“Estamos diariamente trabalhando para melhorar não apenas o atendimento no Hospital da Criança, como também toda a nossa rede municipal de saúde. Porém, o hospital sempre foi e sempre será prioridade da nossa gestão. O que acontece é que hoje estamos enfrentando um problema de alta demanda, não apenas pela pandemia, mas também o período sazonal onde as crianças sofrem com as doenças respiratórias, o que faz que a demanda aumente consideravelmente”, disse o prefeito.