Investigados pelo sequestro de Romano dos Anjos são alvos de operação em Boa Vista

omano do Anjos foi sequestrado em outubro de 2020

Investigados pelo sequestro do jornalista Romano do Anjos são alvos de uma operação do Grupo de Atuação Especial no Combate ao Crime Organizado (Gaeco) na manhã desta quinta-feira (16), em Boa Vista. O crime foi em outubro de 2020.

São cumpridos sete mandados de prisão – seis contras policiais militares, entre eles, um coronel e um major, e 14 ordens de busca e apreensão expedidos pela Justiça. O Gaeco é um órgão interno do Ministério Público de Roraima (MPRR).

Romano dos Anjos foi sequestrado na noite do dia 27 de outubro de 2020. Ele estava em casa com a esposa, que também é jornalista, quando quando três homens armados e encapuzados entraram no imóvel. Ele foi amarrado e levado no próprio carro. Cerca de uma hora depois o veículo foi encontrado incendiado.

O jornalista foi encontrado vivo na manhã do dia seguinte com os braços quebrados e lesões nas pernas. Romano dos Anjos é apresentador da TV Imperial, afiliada à Rede Record em Roraima.

Em depoimento à época, Romano relatou à Polícia Civil que os sequestradores usaram técnicas policiais para render ele e a esposa. Além disso, conforme o documento que a Rede Amazônica teve acesso, o jornalista relatou que os suspeitos usaram radicomunicadores e usaram expressões policiais.

A operação contra os investigados também tem a participação da Polícia Civil e Polícia Militar.

Gaeco cumpre sete mandados de prisão, seis contras policiais militares, entre eles, um coronel e um major

Os mandados de prisão são contra:

  • Paulo Cesar de Lima Gomes – coronel da PM (aposentado)
  • Vilson Carlos Pereira Araújo – major da PM
  • Nadson José Carvalho Nunes – subtenente da PM
  • Clóvis Romero Magalhães Souza – subtenente da PM
  • Gregory Thomaz Brashe Júnior – sargento da PM
  • Thiago de Oliveira Cavalcante Teles – soldado da PM
  • Luciano Benedito Valério – ex-servidor da Assembleia Legislativa

Relembre o sequestro do jornalista

O sequestro do jornalista Romano dos Anjos, de 40 anos, ocorreu na noite do dia 26 de outubro. Ele foi levado de casa no próprio carro. O veículo foi encontrado pela polícia queimado cerca de uma hora depois.

Ele teve as mãos e pés amarrados com fita e foi encapuzado pelos suspeitos. Romano passou a noite em uma área de pasto e dormiu próximo a uma árvore na região do Bom Intento, zona Rural de Boa Vista. Na manhã do dia 27, ele começou a andar e foi encontrado por um funcionário da Roraima Energia.

O delegado Herbert Amorim, que conversou com o jornalista no trajeto do local onde foi encontrado até o Hospital Geral de Roraima (HGR), disse que depois de ter sido abandonado pelos bandidos, Romano conseguiu tirar a venda dos olhos com o braço e soltar os pés.

No HGR, ele relatou aos médicos ter sido bastante agredido com pedaços de pau.

No dia, a Polícia Civil afirmou, em coletiva à imprensa, que ele poderia ter sido vítima de integrantes de facção. No entanto, a polícia não descartou outras linhas de investigação, como motivação política ou por Romano trabalhar como jornalista de um programa policial.

Quatro dias após o sequestro, o governador de Roraima, Antonio Denarium (PP), foi até a Polícia Federal pedir que a instituição investigasse o crime, afirmando que o jornalista havia citado ele e um senador no depoimento à Polícia Civil.

No dia 28 de janeiro a Polícia Federal em Roraima divulgou nota à imprensa o pedido para instauração de inquérito “foi indeferido, não se verificando elementos que subsidiassem eventual atribuição da Polícia Federal no caso.”

O sequestro era investigado pela Polícia Civil numa força-tarefa, que prorrogou o trabalho por ao menos três vezes. O inquérito corria em segredo de Justiça.

Informações: G1 Roraima