Governo de Roraima tinha mais de R$ 850 milhões “parados” em conta

O valor foi encontrado no processo de transição e a informação irá constar no relatório sobre a situação financeira do estado.

Coordenador da equipe de transição, o vice-governador Frutuoso Lins (PTC), informou em entrevista nesta quinta-feira (20) que o estado tem em caixa cerca de R$ 850 milhões em contas oriundas de diversos convênios das secretarias. Roraima enfrenta crise financeira – estopim para a intervenção no estado – e servidores estão desde outubro sem receber.

O valor foi encontrado no processo de transição e a informação irá constar no relatório sobre a situação financeira do estado. Há 20 dias a governadora Suely Campos (PP) foi afastada do cargo em razão da intervenção federal integral no estado.

Os valores, segundo Frutuoso, ainda não são precisos porque a coleta de dados ainda não foi finalizada, mas o relatório final da transição deve ser entregue ao interventor e governador eleito Antonio Denarium (PSL) nos próximos dias.

Iniciado no dia 21 de novembro, o levantamento da equipe transição percorre todas as secretarias da administração direta e indireta para coletar dados sobre número de servidores, orçamento, contratos, bens patrimoniais, licitações e outros quesitos. A ideia é diagnosticar a real situação financeira do estado.

Segundo Frutuoso, entre os convênios encontrados com saldo em conta estão os para reforma de hospitais, no valor de R$ 23 milhões, aquisição de equipamentos para a Secretaria de Saúde (Sesau), no valor de R$ 43 milhões vindos de emendas parlamentares, R$ 56 milhões de transferências ‘Fundo a Fundo’, além de outros valores.

“São de programas específicos. Agora a gente quer executar [os convênios]. Tudo isso vai ser feito numa auditoria, mas o objetivo agora não é falar da auditoria. Eu tenho dinheiro? Tenho. Tenho que executar? Tenho. Então bora executar. A população tá precisando”, explicou o coordenador da equipe de transição.

Questionado se o valor poderia ser considerado ‘saldo positivo’, Frutuoso explicou que, por conta dívidas, os saldos não podem ser considerados. Até agora já foram encontrados cerca de R$ 6 bilhões em dívidas no estado em diversas secretarias, segundo ele. Entre elas: Educação: R$ 276 milhões; Consignados: R$ 200 milhões;     Energia: R$ 500 milhões; Iper: 700 milhões e Empréstimos anteriores: R$ 2 bilhões (incluindo juros).

Ainda na entrevista, Lins disse que na coleta de dados nas secretarias foram encontrados contratos com suspeita de superfaturamento de até 600%. Além disso, algumas empresas que forneciam produtos ao estado tinham mais de um contrato em diversas secretarias, no entanto, os mesmos produtos tinham preços diferentes.

“A gente tem vários contratos com o mesmo elemento de despesa, o mesmo objeto, repetido. Por exemplo: a mesma empresa fornece o mesmo material ou serviço para o governo em secretarias diferentes e com preços diferentes, a gente percebe que não tem gestão nos contratos”, sustentou.

Entre as medidas tomadas para sanar o problema, segundo o vice-governador, é criar a Secretaria de Desburocratização e Governo Digital para implantar softwares que acabarão com processos físicos e torna-los mais transparentes, além de outros mecanismos do chamado ‘Plano de Recuperação Fiscal’, ainda não divulgado por completo pelo governador.

Informações: G1 Roraima