Por enquanto, Roraima ainda será abastecido por termelétricas, declara ministro

"Nós não temos avaliação [se o fornecimento voltará]. Estamos trabalhando para que o estado de Roraima tenha tranquilidade, a segurança energética possível para que sua vida seja normatizada e é isso que estamos fazendo”, disse o ministro

“Nós não temos avaliação [se o fornecimento voltará]. Estamos trabalhando para que o estado de Roraima tenha tranquilidade, a segurança energética possível para que sua vida seja normatizada e é isso que estamos fazendo”, disse o ministro
O ministro de Minas e Energias, Bento Albuquerque, disse nesta quinta-feira (11), em Boa Vista, que o governo brasileiro “não tem avaliação” se a Venezuela vai voltar a fornecer energia para Roraima. O abastecimento foi cortado no mês passado em meio a um apagão histórico no país e após o presidente venezuelano Nicolás Maduro fechar a fronteira com o Brasil.

Segundo o ministro, o governo federal tem conversado com técnicos da empresa venezuelana Corpoelec, mas “nem eles sabem dar respostas” sobre o fornecimento de energia para o estado. Sem o Linhão de Guri, Roraima, único estado a não fazer parte do Sistema Interligado Nacional (SIN), é abastecido por termelétricas locais que consomem por dia 1 milhão de litros de óleo diesel, um gasto que pode chegar a quase R$ 2 bilhões em 2019.

“Temos uma relação, um diálogo permanente com técnicos venezuelanos, mas eles não têm culpa do que está acontecendo lá, que é mais uma questão interna do governo, que nós não temos mais controle”, declarou.

Ao ser questionado se o governo do Brasil sabe se a Venezuela voltará a fornecer energia para Roraima, o ministro disse que “não podemos responder pela Venezuela, mas é bom dizer que nós, em nenhum momento, recusamos que a energia pudesse vir do país”. O governo do presidente Jair Bolsonaro (PSL) não reconhece a legitimidade de Maduro e apoia seu opositor, Juan Guaidó.

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“Nós não temos avaliação [se o fornecimento voltará]. Estamos trabalhando para que o estado de Roraima tenha tranquilidade, a segurança energética possível para que sua vida seja normatizada e é isso que estamos fazendo”, afirmou. “Se eles se estabilizarem e voltarem a fornecer energia, nós estaremos prontos para receber”.

Em visita ao estado junto com o ministro de Ciência, Tecnologia, Inovações e Comunicações, Marcos Pontes, e representantes de outros dois ministérios (Agricultura e Direitos Humanos), Albuquerque se reuniu com o governador do estado Antonio Denarium (PSL) e anunciou um aporte de 30 megawatts de geração nas térmicas para daqui a seis meses.

“Os 30 megawatts entram em disponibilidade em setembro deste ano. Em paralelo a isso estamos realizando, em maio, o leilão que vai trazer novas fontes de energia renováveis a um custo muito menor e o que dará muito mais segurança ao estado de Roraima”, disse o ministro.

Havia a expectativa que se anunciassem novidades sobre o Linhão de Tucuruí, única alternativa para colocar Roraima no Sistema Interligado Nacional, mas a previsão para o início das obras permanece para junho deste ano.

Instabilidade energética – Dependente do Linhão de Guri desde 2001, o estado sofre constantes apagões – que se mantém mesmo com o uso exclusivo das térmicas. Só em 2018 o estado teve 85 apagões, um recorde histórico, gerando um gasto de R$ 597 milhões rateado entre os consumidores de todo o país. Do total, 72 blecautes foram decorrentes de falhas na linha de transmissão da Venezuela o que é atribuído principalmente à baixa manutenção da infraestrutura no país vizinho.

Em meio ao aumento nas tensões entre os governos de Nicolás Maduro e Jair Bolsonaro – que não reconhece a legitimidade do novo mandato do presidente venezuelano – um decreto declarou o Linhão de Tucuruí de interesse para a segurança nacional e a previsão é que as licenças para a obra sejam emitidas até maio.

O projeto visa criar uma linha de transmissão de pouco mais de 700 km entre Manaus (AM) e Boa Vista com 1.140 torres para colocar Roraima no SIN. Ele está parado há anos em razão de um impasse com os índios Waimiri-Atroari que vivem na reserva por onde o Linhão deve passar.

Informações: G1 Roraima