Operação de resgate de menino que caiu no poço já dura 11 dias

As buscas pelo menino mobilizam mais de 300 pessoas que trabalham contra o relógio e com a esperança de um milagre
As buscas pelo menino mobilizam mais de 300 pessoas que trabalham contra o relógio e com a esperança de um milagre

Já dura onze dias a operação de resgate pelo menino Julen Roselló, de dois anos, que caiu num poço estreito e profundo na cidade de Totalán, na província de Málaga, no dia 13. As buscas por ele desde então mobilizam mais de 300 pessoas que trabalham contra o relógio e com a esperança de um milagre.

Nesta quinta-feira, 24 de janeiro, a equipe de resgate formada por oito mineiros conseguiu finalmente descer 73 metros abaixo da terra em busca da criança. O buraco onde a criança caiu tem cerca de 25 centímetros de largura e 110 metros de profundidade.

Quando os primeiros bombeiros chegaram – membros da corporação de Rincón de la Victoria, cuja frota está a 13 quilômetros de Totalán –, analisaram o buraco e logo perceberam a magnitude do problema: a estreiteza tornava impossível para um especialista descer para resgatar Julen. Era necessário estudar outras soluções imediatamente.

A Guarda Civil trabalha desde o primeiro momento para encontrar Julen. Encara o caso como um desaparecimento e essa é a sua prioridade. No entanto, ainda não foi localizado o ponto exato onde se espera encontrar a criança. Seus pais contaram como ele caiu ali e é esse testemunho que eles levam em conta.

No domingo em que o chamado de emergência foi feito, à noite, foram retiradas amostras de solo de dentro do poço e, 48 horas depois, uma análise de DNA certificou a existência de restos biológicos que coincidiam com os dos pais e da mamadeira do menino. Também encontraram um saquinho de doces que estava com ele antes de cair.

caiu em um poço de prospecção de água de 25 centímetros de diâmetro e 110 metros de profundidade em uma propriedade privada na zona rural de Totalán

Embora numa primeira tentativa tenha sido introduzido no poço um celular amarrado a uma corda para ver como estava o menino, mais tarde foi possível usar uma câmera robótica colocada à disposição da equipe por uma empresa especializada.

Quando chegou a 71 metros de profundidade, atingiu um bloqueio de areia. Foram feitos esforços para eliminar o obstáculo com diferentes modalidades de sucção, mas só conseguiram remover alguns centímetros de terra porque os materiais estavam muito compactos. Nesse momento outras formas de resgate começaram a ser analisadas.

Os técnicos, liderados pelo engenheiro civil Ángel García Vidal, enfatizam repetidamente as dificuldades do solo em que precisam trabalhar. Chamado de Complexo Maláguide, consiste em afloramentos de rochas calcárias, bem como xisto, filito e ardósia. E também tem quartzito intercalado, além de materiais de decomposição que provocam instabilidade nos taludes, o que causa preocupação com a segurança dos operários.

A impossibilidade de desenvolver estudos geológicos preliminares faz com que a equipe se depare com cada um desses veios –de maior ou menor dureza– praticamente de surpresa. Também tiveram de refazer os caminhos de entrada à fazenda onde o poço está localizado para permitir o acesso de máquinas de até 75 toneladas.

Cada passo dado é cuidadosamente analisado e há reuniões diárias. “Não podemos deixar nada ao acaso”, diz Francisco Delgado Bonilla, chefe da Coordenação Provincial dos Bombeiros.

Pressão da mídia – A cada dia que passa é maior o número de órgãos da mídia que se deslocam para as proximidades de Totalán para relatar o resgate. A imprensa internacional também presta atenção cada vez maior. Há equipes de países como Portugal, Holanda, Alemanha e Reino Unido. É uma situação à qual os técnicos não estão acostumados, pois em outras circunstâncias sempre cabe aos políticos falar sobre as operações.

O próprio delegado do Governo na Andaluzia, Alfonso Rodríguez Gómez de Celis, pediu respeito a eles. “As equipes técnicas estão trabalhando sob forte pressão para encontrar uma criança de dois anos o mais rápido possível. É por isso que peço, especialmente à mídia, que não aumente mais [a pressão]”, afirmou, acrescentando que, dessa maneira, os trabalhadores podem ter a “paz e a tranquilidade” necessárias para se concentrarem na tarefa complexa que devem realizar.

Informações: El País