Flexibilizações no comércio de Boa Vista dependem de abertura do Hospital de Campanha, diz prefeita

Para que o comércio de Boa Vista comece a reabrir aos poucos, a prefeita Teresa Surita (MDB) disse em entrevista exclusiva ao portal G1 nesta terça-feira (9), que é necessária a abertura do hospital de campanha construído pela Operação Acolhida.

A unidade está pronta há mais de dois meses e deveria atender apenas pacientes de Covid-19. No entanto, a inauguração já foi adiada cinco vezes e segue sem data definida para abrir porque faltam profissionais que deveriam ser entregues pelo governo.

“Quando o hospital de Campanha começar a funcionar, ele vai desafogar o Hospital Geral de Roraima. E com a disponibilidade de leitos aumentando, vamos poder respirar. Se já estivesse funcionando não estaríamos com esse número de óbitos que estamos tendo”, declarou Surita.

O Portal da Transparência aponta que os leitos do HGR estão superlotados. A unidade dispõe de 138, incluindo os de UTI, e tem 152 pacientes internados. O governo do estado também argumenta que com o hospital de campanha mais 80 leitos serão disponibilizados imediatamente.

“Esse hospital sempre foi a minha esperança. Nós conhecemos a fragilidade da Saúde do estado e sabemos que o HGR não está em dificuldade por causa da Covid-19, ele já estava com uma série de problemas e é claro que iria colapsar”, disse.

Em 22 de março, foi decretada situação de emergência em toda a capital, onde vivem cerca de 400 mil habitantes, 65% da população do estado. O comércio foi fechado e foram mantidas apenas atividades consideradas essenciais, como farmácias, supermercados e padarias.

O decreto foi editado permitindo que alguns serviços funcionem nas modalidades de entrega e pegue e leve. Os postos de lavagem de carro e lava a jatos também foram permitidos em Boa Vista. No entanto, empresários continuam pressionando para que o comércio todo volte ao normal.

As aulas da rede municipal também estão suspensas para evitar aglomerações e contágio durante a pandemia. Surita afirma que esta medida foi uma das que mais funcionou no combate à Covid-19 e isto reflete no Hospital da Criança Santo Antônio.

A unidade conta com 42 respiradores e já notificou 176 crianças infectadas. Destas, foram internadas 84, mas o hospital ainda não chegou a ficar lotado durante a pandemia. Ainda segundo a prefeitura, sete crianças já morreram vítimas da doença.

“Se todo mundo obedecesse a quarentena, estaríamos atravessando esse momento com mais tranquilidade”, declarou Surita.
Ainda de acordo com a prefeita, as aulas devem ser a última coisa a voltar ao normal.

“As escolas estão fechadas agora e elas são um dos meios que usamos para realizar a vacinação de H1N1. Precisamos que os pais levem os filhos para vacinar contra o H1N1 porque ajuda muito a enfrentar este período”, pediu.

A capital concentra 4.846 dos 6.347 infectados no estado, além de registrar 149 mortes em razão do coronavírus.

‘Lockdown’

Para que um confinamento total ocorra na capital, Surita afirmou que precisaria de apoio do governo estadual, além de um planejamento que justificasse a medida.

“Precisaria da parceria da Polícia Civil, Militar e do Corpo de Bombeiros. Não é uma coisa que posso fazer sozinha, temos a PM e Guarda Municipal fazendo fiscalização e mesmo assim, muita gente não obedece a quarentena.

A promotora de Saúde, Jeanne Sampaio, chegou a pedir que tanto o governo, quanto a prefeitura fossem obrigados a decretar “lockdown” para achatar a curva de contágio.

O Ministério Público de Roraima (MPRR) se posicionou contra Sampaio e emitiu nota afirmando que o um confinamento total “é medida extrema e evitável, nesse momento, havendo outras alternativas menos drásticas e mais eficazes para a proteção da população roraimense.”

O juiz da 1ª vara da fazenda pública do Tribunal de Justiça de Roraima, Phillip Barbieux Sampaio, negou o pedido e justificou que “Poder Judiciário não pode ser confundido com gestor de políticas públicas”.

Informações: G1 Roraima