Líder indígena culpa Mecias por conflitos na terra Yanomami: “Apoiador do garimpo ilegal”

Junior Hekurari criticou o senador por apoiar o garimpo nas TIs, mesmo sabendo da violência sofrida pelos Yanomami - Foto: Ascom

O presidente do Conselho Distrital de Saúde Indígena Yanomami e Ye’kuana (Condsi-YY) Júnior Hekurari, responsabilizou o senador Mecias de Jesus (Republicanos) pela situação crítica na Terra Indígena (TI) Yanomami.

Em vídeo publicado nas redes sociais na tarde desta quarta-feira (13) Hekurari critica o senador por declarar apoio à exploração de minérios nas terras indígenas. (Veja vídeo abaixo)

“Senador, tu sabe muito bem que nós Yanomami estamos sofrendo. Os garimpeiros estão destruindo os rios, as florestas, as vidas. Eu tenho conhecimento de que crianças foram engolidas pelas dragas. E ano passado também dois jovens foram mortos por garimpeiros. E essa semana também quatro óbitos com o apoio dos garimpeiros no conflito”, disse.

O líder indígena relatou que Mecias tem influência no Dsei-YY, pois é ele quem indica os coordenadores do Distrito Sanitário Especial Indígena Yanomami (Dsei-Yanomami), órgão que gerencia a saúde dos Yanomami.

Conforme Hekurari, o senador tem acesso aos relatórios produzidos pela instituição. Mesmo assim, o parlamentar decidiu apoiar o garimpo nas TIs.

“Messias de Jesus têm influência dentro do Distrito Sanitário Especial Indígena Yanomami, qual durante esses últimos anos ele indicou os Coordenadores para assumir a gestão e mesmo com todo o seu conhecimento através dos relatórios e denúncias da situação do Território Yanomami, ele declara fielmente o seu apoio ao garimpo ilegal”.

Além disso, o presidente do Condsi-YY responsabilizou o senador Mecias de Jesus pelos problemas enfrentados nos últimos anos nas comunidade indígenas.

“Você, Messias de Jesus é responsável por diversas situações que já aconteceram com os Povos Yanomami. Você não tem autoridade para decidir situações por nós Yanomami. Nós lutaremos firmemente para extinguir políticos como você”.

Assista:

Entenda os conflitos

Nos dias 13 e 14 de outubro de 2021, duas crianças Yanomami, de 5 e 7 anos foram encontradas mortas na comunidade Makuxi Yano, em Alto Alegre, Norte de Roraima.

De acordo com a Hutukara Associação Yanomami (HAY), as crianças brincavam no rio Parima quando foram “sugadas” por um maquinário de garimpo instalado ilegalmente no local.

Do mesmo modo, no dia 2 de novembro de 2021, a associação também denunciou que garimpeiros mataram a tiros dois indígenas da comunidade isolada Moxihatëtëma.

De acordo com a denúncia, as mortes haviam ocorrido há pelo menos dois meses e meio. Contudo, um indígena da região do Apiaú só conseguiu informar a Hutukara no dia 1º de novembro.

No relato, ele contou que os indígenas de Moxihatëtëma se aproximaram do garimpo “Faixa Preta”, no alto Rio Apiaú, em Mucajaí, para expulsar os invasores. Isso causou um conflito entre os grupos.

Estupros

Na última segunda-feira (11) a Hutukara divulgou relatório que relata a violência causada pela presença de garimpeiros que estupram mulheres e crianças na Terra Indígena Yanomami. Os depoimentos são de mulheres da própria comunidade.

Conforme o documento, a maioria dos abusos ocorre após os garimpeiros embriagarem os indígenas. Em um dos casos recentes, um suspeito ofereceu drogas e bebidas à população e estuprou uma criança da comunidade.

Ainda de acordo com o documento, os indígenas chegam a passar fome na região. Por isso, os garimpeiros se aproveitam da vulnerabilidade social nas comunidades para estuprar as mulheres e crianças.

Garimpeiros armaram indígenas

Na última segunda-feira (11), duas mortes e cinco feridos foi o resultado de uma batalha entre duas comunidades da Terra Yanomami. Hekurari afirmou que garimpeiros armaram indígenas e incentivaram o conflito.

O confronto ocorreu na região do Xitei e conforme Hekurari, garimpeiros distribuíram mais de 80 armas à Comunidade Tirei para atacar indígenas da comunidade Pixahenabi.

De acordo com o Hekurari, além dos indígenas, os servidores da saúde que atuam no local também estão sendo ameaçados pelos garimpeiros.

“Alguns feridos tentaram receber atendimento no polo base Xitei, mas não foram impedidos pois os funcionários foram ameaçados.

Informações: Roraima em Tempo