
O desembargador Ricardo Oliveira autorizou abertura de inquérito policial para investigar o comandante-geral da Polícia Militar de Roraima, Miramilton Goiano, por suspeita de interferir no caso de assassinato do casal de agricultores Jânio Bonfim de Souza e Flávia Guilarducci de Souza, em abril deste ano. O Roraima em Tempo teve acesso ao documento da decisão nesta segunda-feira, 12.
O comandante foi citado pelo ex-segurança do governador Antonio Denarium (Progressistas), Helton John da Silva de Souza, durante depoimento à Polícia Civil.
Ele, que é suspeito de ter participado do duplo homicídio, disse na ocasião que, após o crime, entrou em contato com o coronel e que ele teria lhe orientado a se desfazer do celular. Após repercussão na imprensa, Miramilton afirmou ter recebido a informação com surpresa e negou todas as acusações.
O inquérito está com o Ministério Público de Roraima (MPRR) desde o dia 8 de agosto para se manifestação.
Ricardo Oliveira decidiu ainda que a 2ª Vara do Tribunal do Júri e da Justiça Militar da Comarca de Boa Vista é responsável pela investigação dos réus sem foro privilegiado. São eles: Caio Porto – suspeito de ser o autor dos disparou que matou o casal -, Deyvis Jesus Mundarain, Genivaldo Lopes Viana, Helton John Silva de Souza, Johnny de Almeida Rodrigues e Luiz Lucas Raposo da Silva.
Os homicídios
O crime aconteceu no dia 23 de abril e a suspeita é de que ele foi motivado por uma disputa de terras. Conforme investigação da Polícia Civil, dois suspeitos foram até a fazenda das vítimas, invadiram a residência deles e efetuaram disparos de arma de fogo contra o casal.
Um dos vizinhos da propriedade ouviu o barulho dos tiros e, logo em seguida, recebeu a ligação de um dos trabalhadores das vítimas pedindo socorro. Quando o homem chegou no local, encontrou Jânio ainda com vida, momento em que o agricultor disse a ele quem eram os suspeitos.
A testemunha chegou a levar as vítimas para o hospital, mas elas não resistiram aos ferimentos.
Ameaças
Após o crime, a Polícia Civil iniciou as investigações. Os agentes então apuraram que a mesma testemunha que prestou socorro ao casal, também foi ameaçada por quatro homens no dia anterior.
A testemunha e o agricultor haviam combinado de fazer uma plantação de feijão numa parte da terra. Em uma segunda-feira, a testemunha olhava o local onde fariam a plantação. Em seguida, chegaram os quatro homens e um deles estava armado com uma pistola calibre 380.
“Eles foram na propriedade e encontraram a testemunha, que é um policial militar da reserva. Eles fizeram a ameaça afirmando que o casal havia invadido as terras deles e, logo depois, foram embora”, relatou o delegado titular.
De acordo com o relato da testemunha, que ainda chegou a conversar com o agricultor sobre as ameaças, este afirmou que a terra lhe pertencia e estava toda documentada.
Fonte: Da Redação