O presidente da Assembleia Legislativa de Roraima, Jalser Renier (SD), virou réu em um processo por ter xingado e ameaçado a prefeita de Boa Vista, Teresa Surita (MDB), em outubro do ano passado.
Na ação, protocolada na 1ª Vara Cível pela própria prefeita, ela pediu R$ 40 mil de indenização por danos morais. O juiz Bruno Fernando Alves Costa marcou para o dia 11 de junho uma audiência de conciliação entre os dois.
A assessoria do deputado foi procurada, mas não se manifestou acerca do processo ingressado por Teresa.
No dia da confusão, Teresa concedia uma entrevista ao vivo para uma rádio local quando Jalser entrou no estúdio e interrompeu. Segundo Teresa, o parlamentar a agrediu verbal e fisicamente com um empurrão e um aperto no braço.
Vídeos gravados e divulgados por assessores de comunicação da prefeitura que acompanhavam a entrevista, flagraram o momento em que Jalser entrou no estúdio. A confusão, segundo disse Teresa à época, teve relação com as eleições de 2018 para governador.
Na ação, o advogado de Teresa afirmou que o presidente ainda pode responder criminalmente. “Aguardamos decisão da 1ª Vara Criminal acerca do caso que versa sobre também dano moral. Essa audiência de conciliação é relacionada à ação cível, não criminal”, resume.
Em dezembro do ano passado, o juiz Rodrigo Furlan, da 1ª Vara Criminal, acatou o pedido de defesa e expediu medida protetiva em favor da prefeita, proibindo Jalser de se aproxima dela.
Conforme a decisão do magistrado, Jalser não pode “comparecer às dependências da Prefeitura Municipal de Boa Vista e nos seus órgãos, bem como à residência da requerente, devendo guardar distância mínima de 50 metros da requerente [prefeita]”.
Confusão em rádio
Ao invadir a rádio, no dia 26 de outubro, conforme vídeos feitos por assessores da prefeita e depoimentos deles à Polícia Federal, Jalser causou a confusão porque Teresa havia deixado de apoiar um ex-candidato aliado dele ao governo do estado.
Depois de entrar no estúdio e interromper a entrevista, o parlamentar começou uma sucessão de ofensas contra a prefeita.
“Você vai pagar, sua vaca. Você é uma pilantra, você é que rouba. Você rouba. Você é uma puta que rouba. Eu vou te prender, sua puta. Você vai ver o que vai acontecer”, ameaçou Jalser no vídeo que registrou a confusão.
Após a confusão, Teresa denunciou Jalser à PF. Em depoimento, ela afirmou que a secretária de Comunicação do município, à época do caso, um assessor e um segurança também foram agredidos fisicamente pelo presidente. “Ele estava totalmente descontrolado”, disse.
Jalser Renier alegou posteriormente que houve uma “discussão calorosa” causada por diferenças políticas.
Ainda segundo o presidente, ele foi agredido fisicamente por Teresa. “Não houve nenhuma agressão. É só olhar para o estado dela. Não houve problema nenhum. Eu sim sofri uma agressão”, sustentou, afirmando que não iria detalhar como ocorreu a agressão.
Dia depois, em 31 de outubro, vestidos de preto, manifestantes ocuparam a entrada da Assembleia Legislativa contra Jalser Renier.
A manifestação reuniu dezenas de pessoas, entre mulheres e homens, muitos servidores municipais. Eles gritaram palavras de ordem como “fora, Jalser”, “cadeia nele”, “respeito à mulher” e cantaram o hino nacional.
Informações – G1 Roraima