Os holofotes do mundo do futebol estarão voltados para Old Trafford. Será no ‘Teatro dos Sonhos‘ que Manchester United e Barcelona decidirão, nesta quinta-feira (23), vaga às oitavas de final da Uefa Europa League. O embate de colossos terá bola rolando a partir de 17h (horário de Brasília), com transmissão ao vivo pela ESPN no Star+.
Uma vitória para qualquer lado define o classificado após um empate eletrizante em 2 a 2 no Camp Nou.
Em comum entre os gigantes, além da massa de milhões de torcedores ao redor do mundo e salas de troféus recheadas com as taças mais importantes da Europa, está também a questão financeira delicada. A diferença entre ingleses e espanhóis, no entanto, está na maneira como esse problema pode ser solucionado.
Os Red Devils, mandantes da partida desta quinta-feira, vivem dias de indefinição sobre qual será o futuro do clube. Ou melhor: quem será o proprietário. Segundo tem publicado a ESPN, o Raine Group, banco de investimentos norte-americano, está comandando um processo para tentar vender o clube, ou então atrair potenciais novos investimentos.
Este processo teria começado nos bastidores em novembro do ano passado, ainda tendo como liderança a família Glazer, proprietária do Manchester United desde 2005.
Fundos públicos de Qatar e Arábia Saudita mostraram interesse em comprar ou investir no United nos últimos meses. Até meados de fevereiro, no entanto, o único candidato a registrar oficialmente o nome no processo foi Jim Ratcliffe, o homem mais rico da Grã-Bretanha. Esta situação mudou no último dia 17, quando a ESPN revelou que Sheikh Jassim Bin Hamad Al Thani, presidente do Qatar Islamic Bank, enviou uma oferta para comprar o clube.
Os ativos da instituição financeira são estimados em mais de 40 bilhões de libras (algo em torno de R$ 250 bilhões). Al Thani é filho do ex-primeiro-ministro do Qatar, Hamad bin Jassim bin Jaber Al Thani.
A oferta pela aquisição de 100% do United, entretanto, ficou abaixo da avaliação do clube, que é de de 6 bilhões de libras (R$ 37,3 bilhões), estabelecida pela família Glazer, segundo apurou a ESPN.
Fontes disseram à ESPN que os atuais proprietários acreditam que precisam de investimento externo de forma urgente para que o clube consiga seguir competindo em alto nível. No momento, a dívida do United é de 514,9 milhões de libras (R$ 3,23 bilhões), de acordo com as demonstrações financeiras de novembro/2022. Além disso, o clube ainda tem 300 milhões de libras (R$ 1,88 bilhão) a pagar por reforços contratados recentemente.
A possibilidade de atrair capital através da mudança de proprietário é outro ponto que difere Manchester United e Barcelona. Todos os 20 clubes que disputam a Premier League na atual temporada são ligados a empresários ou grupos que administram as equipes.
Na Espanha, no entanto, o cenário é diferente.
A grave situação financeira atravessada pelos clubes no fim da década de 90 levou o governo espanhol a adotar medidas importantes para a adaptação ao formato de clube-empresa dentro da liga nacional, uma vez que as agremiações eram formadas como associações civis.
A ‘operação de salvamento’ passou pela obrigação de que os times se tornassem empresas, o que possibilitou maior ajuste às regras de governança e definiu padrões de como poderiam ser os aportes privados nos clubes de futebol. As exceções, no entanto, ficariam àqueles que apresentassem patrimônio líquido positivo.
À época, apenas Barcelona e Real Madrid se enquadravam neste caso e, portanto, ficaram fora da exigência de se tornarem empresas. É esse o ponto que mantém os gigantes ‘sem um dono’ no futebol europeu, ao contrário daquilo que acontece com Manchester City e Paris Saint-Germain.
Sem a possibilidade de atuar como um clube no Brasil que tenha aderido ao modelo de SAF (Sociedade Anônima do Futebol), os catalães estiveram à beira de um colapso em meados de 2021, quando o clube anunciou uma dívida total de 1,3 bilhão de euros (cerca de R$ 8 bilhões à época).
Novamente sob a presidência de Joan Laporta, o Barcelona tem conseguido se reerguer com um novo modelo de engenharia financeira, e registrou lucro de 98 milhões de euros (cerca de R$ 550 milhões) no ano fiscal 2021/22, como o próprio clube divulgou no último mês de setembro.
Para compensar perdas e cumprir regras de fair play financeiro, o clube vendeu 25% de seus direitos televisivos domésticos e uma participação de 49% no Barca Studios por mais de 700 milhões de euros (R$ 3,9 bilhões). Isso permitiu ao clube gastar mais de 150 milhões de euros (R$ 841 milhões) em reforços como Robert Lewandowski, Raphinha e Jules Koundé.
Onde assistir a Manchester United x Barcelona?
Manchester United e Barcelona se enfrentam nesta quinta-feira (23), às 17h (de Brasília), pela segunda partida do playoff da Europa League. O confronto terá transmissão pela ESPN no Star+.