Pobreza extrema cresce em Roraima e atinge mais de 47 mil pessoas, aponta levantamento

Crescimento do índice foi favorecido por crises enfrentadas pelo Estado, Brasil e Venezuela - Edinaldo Morais/Roraima em Tempo
Crescimento do índice foi favorecido por crises enfrentadas pelo Estado, Brasil e Venezuela – Edinaldo Morais/Roraima em Tempo

Dados do Cadastro Único do Ministério da Cidadania (CadÚnico) mostram que a pobreza extrema em Roraima aumentou e já atinge 47 mil pessoas. Nos últimos sete anos, mais de 4 mil pessoas entraram em situação de miséria no Estado, um aumento de 10,5%.

O Estado foi o que registrou o maior aumento percentual na atualização divulgada pelo Ministério da Cidadania neste mês, seguido pelo Rio de Janeiro, que viu o número de famílias em extrema pobreza crescer em 10,4%. Os dois estados passam por graves crises fiscais e têm negociado junto à União para suspender o pagamento de dívidas, para ajustar as contas dos governos estaduais.

De acordo com as métricas definidas pelo Ministério da Cidadania, os brasileiros que vivem com renda menor que R$ 178 mensais estão abaixo da linha da pobreza. Os que sobrevivem com renda de até R$ 89 mensais ficam abaixo da linha da extrema pobreza.

Em Roraima, o total de famílias inscritas no CadÚnico até junho deste ano era de 98.726 pessoas, entre as quais estão 47.026 com renda familiar per capita de até R$ 89 por mês. Dos inscritos no Estado, cerca de 17,4 mil famílias moram em Boa Vista.

O Cadastro Único para Programas Sociais do Governo Federal (Cadastro Único) identifica e caracteriza as famílias de baixa renda e é a principal ferramenta do governo federal para a seleção e a inclusão de famílias de baixa renda em programas como o Bolsa Família, por exemplo. O valor médio distribuído pelo Bolsa Família no Estado ultrapassa os R$ 10 milhões, o que resulta, em média, em R$ 209 por família.

TENSÃO

Para o sociólogo Rodrigo Chagas, da Universidade Federal de Roraima (UFRR), O Estado está no meio de uma situação internacional tensionada por crises profundas, como as enfrentadas pela Venezuela e pela atual gestão, além da crise enfrentada pelo governo federal. As circunstâncias favorecem o aumento do índice de pobreza no Estado.

“As conjunturas econômicas brasileira e venezuelana revelam um quadro de fraca recuperação da atividade produtiva. As taxas de desemprego estão altas, assim como o nível de endividamento das famílias, e muitas pessoas têm tido dificuldade em honrar compromissos básicos, como o pagamento de serviços essenciais de utilidade pública e salários incapazes de alavancar um novo ciclo virtuoso”, explica o sociólogo.

Ainda para o sociólogo, a pobreza extrema traz consequências devastadoras para quem enfrenta essa situação no Estado. “A pobreza extrema, reduz-se o acesso a serviços públicos básicos, registra-se o crescimento de epidemias e o custo da moradia expulsa populações vulneráveis para lugares distantes e com infraestrutura precária”, conclui Chagas.

BRASIL

No país, a pobreza extrema aumentou e atinge 13,2 milhões de pessoas. Nos últimos sete anos, mais de 500 mil pessoas entraram em situação de miséria. O Nordeste tem o pior cenário, sendo que as maiores taxas a cada 100 mil habitantes são do Piauí (14,087), Maranhão (13,861) e Paraíba (13,106).

Em 2014, a Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura (FAO) tirou o Brasil do Mapa da Fome, composto por países em que mais de 5% da população consome menos calorias do que o recomendado pela Organização Mundial da Saúde (OMS). Há o temor, porém, de que o país volte a fazer parte do grupo.

Segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), entre 2016 e 2017, a pobreza no Brasil passou de 25,7% para 26,5% da população. O número dos extremamente pobres, aqueles que vivem com menos de R$ 140 mensais, saltou, no período, de 6,6% para 7,4% dos brasileiros.

Informações: Roraima em Tempo