CASO ROMANO DOS ANJOS – PMs presos tinham cargos na Assembleia com salários de até R$ 11 mil

Ministro frisou que se trata de ‘uma organização criminosa, com policiais altamente treinados e perigosos’ - Foto: Supcom/ALERR

Quatro dos seis policiais militares presos na Operação Pulitzer estavam lotados na Assembleia Legislativa de Roraima (ALE-RR) no mês de outubro de 2020, quando ocorreu o sequestro do jornalista Romano dos Anjos.

Paulo Cezar de Lima Gomes, tenenete-coronel aposentado, estava no cargo de subchefe do gabinete militar. O salário da função é de R$ 11,3 mil.

Naquele mês, eles receberam da Casa pelo desempenho da função militar:

  • Clóvis Romero Magalhães Souza (R$ 4,3 mil)
  • Gregory Thomaz Brashe Júnior (R$ 4,3 mil)
  • Nadson José Carvalho Nunes (R$ 1,3 mil)

O major Vilson Carlos Pereira Araújo e o soldado Thiago de Oliveira Cavalcante Teles não aparecem na folha de pagamento. As informações constam no Portal da Transparência da Assembleia.

A reportagem tenta contato com a defesa dos suspeitos presos, e pediu manifestação da Assembleia.

De função militar a presos

Os militares são cedidos para a Assembleia Legislativa para proteção pessoal dos deputados, de acordo com decreto do governo.

Assim que assumiu a gestão, o governador Antonio Denarium (sem partido) retirou alguns dos militares da Casa.

Contudo, meses depois, houve a nomeação de todos eles novamente. À época, o parlamentar Jalser Renier (SD) era o presidente do Legislativo.

O crime ocorreu no dia 26 de outubro do ano passado. O Portal da Transparência revela que os quatro suspeitos desempenhavam as funções na Casa.

Alguns deles, por exemplo, receberam honrarias depois do crime. Nadson José Carvalho Nunes recebeu da Câmara de Boa Vista uma medalha de honra ao mérito em novembro de 2020.

Perfil dos suspeitos presos

Paulo Cezar de Lima Gomes, atualmente aposentando como tenente-coronel, foi colocado à disposição da Assembleia Legislativa em 2014. Naquele ano, Jalser Renier (SD) era presidente da Casa.

Paulo se intitula especialista em Segurança Pública, “com vasta experiência na área de Defesa”. Ele entrou na PM nos anos 90. Em 2019, recebeu uma homenagem de Jalser Renier por ter ido para a reserva.

Já Clóvis foi promovido de sargento para subtenente no ano passado. O documento está assinado pelo governador, com validade a partir de julho.

O nome de Clóvis também aparece como suspeito de violência doméstica no Tribunal de Justiça de Roraima (TJRR), no ano de 2011.

Clóvis foi nomeado para o quadro militar da Assembleia Legislativa em janeiro deste ano, quatro dias antes do presidente Jalser Renier (SD) cair do cargo.

Logo depois, em março deste ano, ele foi exonerado do cargo pelo atual presidente do Parlamento, deputado Soldado Sampaio (PC do B).

Técnicas

Vilson Carlos Pereira Araújo foi comandante do Batalhão de Operações Policiais Especiais (Bope), da Polícia Militar, logo no início do governo de Denarium, e está entre os presos.

Anteriormente, ele chegou a ser contratado para ensinar Técnicas de Abordagens Policias aos militares. Durante depoimento à Polícia Civil, o jornalista disse que os sequestradores usaram técnicas policiais de imobilização.

Luciano Benedito Valério era lotado na Seção de Inteligência e Segurança Orgânica da Assembleia. O salário pago a ele era de R$ 3,2 mil.

Um benefício concedido ao agora ex-funcionário era de não precisar bater o ponto eletrônico na Casa. Ele foi exonerado no dia 1º de fevereiro deste ano, depois que Sampaio assumiu.

Luciano Valério aparece ainda em uma lista de detetives particulares em Roraima.

Todos os presos foram levados para o Comando de Policiamento da Capital (CPC).

Gregory Thomaz Brash Júnior é sargento. Nas redes sociais, Gregory mostra aproximação com Jalser. Uma foto, por exemplo, tece elogios ao deputado.

“Meu grande parceiro, líder e amigo Jalser Renier, tenha um ótimo dia, feliz aniversário!!! Deus te abençoe hj e sempre amigo” (sic), publicou.

Informações: Roraima em Tempo