Paciente com parada cardiorrespiratória morre sem atendimento médico em hospital estadual de Mucajaí

Conforme denúncia, não havia médicos na unidade no momento em que o paciente chegou para ser atendido - Foto Charles Bispo

Um paciente de 64 anos, morreu após dar entrada no hospital de Mucajaí Vereador José Guedes Catão na manhã dessa terça-feira (1º). De acordo com a denúncia, o homem apresentava sintomas de parada cardiorrespiratória, mas não havia nenhum médico na unidade para atendê-lo.

De acordo com o vereador Joelson Costa (PL), ele afirmou que já alertou o governo sobre a situação.

“Eu e os demais vereadores de Mucajaí estamos alertando o Governo do Estado sobre a situação caótica do hospital do estado no nosso município. As irregularidades são constantes e crescentes a cada dia. Estamos no ponto em que munícipes estão sofrendo a perca de familiares por falta de um socorro médico. Só existem médicos em determinados dias da semana no papel, mas físico não existe”, relatou.

Conforme documento, durante todo o plantão no dia do ocorrido, não havia médico na unidade. O vereador disse ainda que, devido a falta do profissional, o paciente recebeu atendimento dos servidores do hospital, mas com orientações do Samu, por meio de telefone.

Joelson disse ainda que o Ministério Público de Roraima (MP) esteve no local e constatou o problema.

Em nota, a Secretaria de Estado da Saúde (Sesau) disse que o “paciente recebeu o primeiro atendimento no Hospital de Mucajaí que conta com quatro médicos”.

Descaso em Mucajaí

Conforme informações de um familiar, um médico de Boa Vista foi acionado para assinar o atestado de óbito. Contudo, devido à demora, o corpo saiu da unidade sem o documento.

“Ele teve um infarto e, ao chegar no hospital de Mucajaí, não tinha médico pra fazer o atendimento. Depois que ele veio a óbito, não tinha médico pra assinar o documento”, disse.

Denúncias recorrentes

No ano passado, vereadores de Mucajaí denunciaram a falta de médicos na unidade por diversas vezes. Eles chegaram a protocolar duas representações contra o governo do estado no Ministério Público de Roraima (MPRR).

Na última denúncia, os parlamentares afirmaram que, por falta de médicos, servidores estavam dispensando pacientes.

No último dia 12 de janeiro, o MP ajuizou uma Ação Civil Pública. No documento, o órgão pede que o governo forneça médicos suficientes para suprir a demanda do hospital.

O MP informou que a ação pede no mínimo dois médicos por plantão sob pena de multa diária.

Precariedade no hospital de Mucajaí

Ainda de acordo com o vereador Joelson, os funcionários do hospital trabalham de forma precária.

“Só para você ter uma ideia, vai fazer um ano que o governador iniciou uma obra de reforma do hospital, após muita pressão da Câmara dos Vereadores e da população. Então derrubou metade do hospital e deixou a equipe de enfermeiros trabalhando lá de forma insalubre”, relatou.

Em agosto de 2021, o Conselho Regional de Medicina (CRM) já havia constatado as condições de trabalho na unidade. A vistoria ocorreu no dia 18 daquele mês.

Entre os problemas encontrados pela equipe estava a falta de água e infiltração na sala de descanso.

A coordenadora do Departamento de Fiscalização do CRM, Rosa Leal, disse que a situação era ‘degradante’.

Citado – Confira a nota da Sesau na íntegra:

A Secretaria de Saúde informa que o paciente José Carlos da Silva recebeu o primeiro atendimento no Hospital de Mucajaí que conta com quatro médicos lotados na Unidade.

A Sesau esclarece que a escala médica de janeiro estava fechada para o atendimento à população. Ocorre que dois médicos se afastaram por motivo de saúde e de férias, e dois continuaram atuando na Unidade.

A Secretaria ressalta que a escala médica da terça-feira, dia 1º, estava fechada, mas houve a necessidade de reforço no quadro de profissionais, devido ao aumento no número de demandas, e foi encaminhado médico extra.

A Sesau reitera que está com processo seletivo em aberto para contratação de novos profissionais de saúde, incluindo 87 médicos. A medida visa ampliar a força de trabalho nas unidades da rede estadual de saúde.

Informações: Roraima em Tempo