MPRR qualifica sumiço de cheques apreendidos na casa de Jalser como “ato criminoso”

Foram dois cheques apreendidos na casa do deputado, que desapareceram, durante a operação (Foto: reprodução/MPRR)
Foram dois cheques apreendidos na casa do deputado, que desapareceram, durante a operação (Foto: reprodução/MPRR)

O cheque de R$ 1 milhão apreendido na casa do presidente da Assembleia Legislativa (Ale-RR), Jalser Renier (SD), desapareceu durante a operação Royal Flush. Nesta terça-feira (8) o Ministério Público de Roraima (MPRR) informou que considera o caso como um “ato criminoso”.

Além desse, um outro cheque no valor de R$ 70 mil, também apreendido no imóvel, sumiu. As duas ordens de pagamentos estavam no mesmo pacote separado pelo MP. Ainda não se sabe como quando se percebeu a falta e nem quando os dois cheques desapareceram. O MP, no entanto, afirma que tem adotado medidas legais cabíveis “para buscar a elucidação do crime de obstrução de justiça”.

“Diferentemente do que vem sendo divulgado, o MPRR não considera o desaparecimento do cheque ocorrido durante a Operação Royal Flush, deflagrada em 02/01/19, como ‘extravio’, mas sim ato criminoso praticado em clara afronta aos órgãos de controle, ao Poder Judiciário e à sociedade”, informou o órgão, que conduziu a operação.

Deflagrada na última quarta (2), a operação investiga fraudes em licitação, lavagem de dinheiro, organização criminosa e obstrução de Justiça. Foram alvos o deputado, a mulher Cinthya Gadelha e outras cinco pessoas ligadas a ele. O cheque de R$ 1 milhão encontrado por promotores na casa de Jalser, conforme o MP, estava identificado e assinado, mas não havia nome de destinatário.

A ordem de pagamento datava de 28 de dezembro. Ele foi reeleito presidente da Mesa Diretora no dia 1º de janeiro em chapa de oposição ao governador Antonio Denarium (PSL). Na sexta (4), a assessoria de Jalser informou que “o referido cheque não foi objeto de busca e apreensão como informado, uma vez que foi extraviado durante a diligência da operação, fato este relatado em relatório do MPRR” e acrescentou não se tratar de cheque da Assembleia Legislativa e nem do parlamentar.

A Royal Flush foi deflagrada em conjunto com a Polícia Rodoviária Federal (PRF) e a Força Nacional (FN). Ainda acerca do cheque que sumiu, o MP reafirmou “a retidão e a lisura dos profissionais e dos órgãos envolvidos na execução dos mandados de busca e apreensão”. Toda a operação foi gravada, segundo o órgão.

Carros de luxo, dois UTVs e quadriciclos também foram apreendidos na casa de Jalser. A ação foi na casa do parlamentar, no bairro Canarinho, zona Leste da cidade, e na sede da Ale-RR, no Centro. Outros documentos, como folha de frequência de servidores da Assembleia, supostamente fantasmas, aposta subscrita por dois políticos, superior a R$ 50 mil, relacionada a última eleição, computadores, HD’s, documentos, celulares e processos licitatórios também foram recolhidos pelos promotores.

O MP esclareceu que todo o material apreendido se encontra sob análise. Para a operação, a Justiça estadual concedeu nove mandados de busca e apreensão e de sequestro de bens. A operação Royal Flush está relacionada a outra operação já feita no Legislativo, a Cartas Marcadas, que levou a condenação de 10 pessoas, incluindo ex-servidores da Ale-RR por desvios em licitações.

A assessoria jurídica do deputado ainda emitiu uma nota afirmando que a operação foi “midiática” e que houve “excesso por parte de policiais envolvidos”. O MPRR nega.

Informações: G1 Roraima