Dez reeducandos da Cadeia Pública Masculina de Boa Vista (CPMBV) foram destaques com nota máxima em um concurso de redação da Defensoria Pública da União (DPU).
O concurso, na sétima edição, apresentou o tema “Prato feito: alimentação de qualidade é sinal de dignidade”. O resultado das correções foi divulgado no dia 24 de janeiro. Ao todo, 237 reeducandos se inscreveram no concurso.
“Tivemos um quantitativo relevante de reeducandos com notas boas no concurso. Destes, sete foram nota 10; 11 receberam nota nove; 44 tiraram nota oito; os demais obtiveram entre sete a seis, e apenas dois zeraram a redação”, destacou a diretora da unidade, Maria José da Conceição.
O concurso ocorreu em vários níveis escolares, mas a unidade participou na categoria quatro, destinada a alunos do 6º ao 9º ano do Ensino Fundamental, 1º e 3º ano do Ensino de Jovens e Adultos (EJA) em situação de privação de liberdade do sistema prisional brasileiro.
“Incentivar a participação dos alunos na leitura, na participação de redação é muito importante, porque a leitura é capaz de ampliar o conhecimento, a visão de mundo e sociedade refletida na volta à realidade, para o meio social”, disse Conceição.
Leitura para libertação
Entre os participantes que atingiram a nota máxima na redação está o professor José Mourão de Araújo, que também trabalha como um dos incentivadores aos projetos de leitura na Cadeia Pública. Em contrapartida, ele recebeu como benefício a remição de pena.
“A unidade passa por um momento de ascensão e com o apoio da direção tive a oportunidade de trabalhar como professor nos projetos. Recentemente tivemos o concurso oferecido pela DPU e o material para que os colegas estudassem fo desenvolvido dentro da unidade. Eu e a equipe de professores fizemos uma cartilha de língua portuguesa, matemática e redação, então com ajuda desse material o resultado foi muito positivo”, contou.
Além do concurso de redação, os internos têm a oportunidade de participar de outros projetos instalados na unidade prisional. E para incentivar ainda mais a leitura entre os internos, a Cadeia Pública Masculina está executando o projeto Leitura para Libertação.
De acordo com a diretora Maria José, o programa tem sido uma alternativa a mais para que eles possam adquirir o conhecimento e ainda remir a pena.
“Quando o projeto iniciou, tínhamos apenas 12 internos participando. Agora, em março de 2023, encerramos as inscrições com 674 internos participando do projeto Leitura de para Libertação. O programa proporciona que, a cada resenha elaborada no final de mês, o reeducando seja capaz de abreviar quatro dias de pena”, relatou.
Os custodiados terão ainda como alternativa para ampliar o conhecimento o projeto Roda de Leituras, que sera executado no decorrer do ano de 2023.
“É mais uma maneira de oportunizar o conhecimento aos reeducandos que não querem participar do projeto de Leitura da Libertação, mas que têm interesse em fazer uma leitura aleatória”, esclareceu.
Carrinho de leitura
Na prática, a direção vai disponibilizar um carrinho de leitura que vai passar nas celas. Dessa forma, eles podem escolher uma revista ou obra literária, e após a leitura, no final do dia, o material é recolhido.
Para o reeducando Darlan do Nascimento Reis, os projetos realizados na cadeia despertaram o interesse pela leitura e melhoria na escrita. Ele soube pelo professor que obteve uma nota boa e foi aprovado no Enem (Exame Nacional do Ensino Médio).
“Tirei um pouco mais que a média e fiquei feliz, porque queremos remir pena e temos essa oportunidade através do projeto, que também nos prepara para quando sairmos daqui. Antes não tinha o costume de ler, e hoje já tenho! A escrita melhorou, a leitura melhorou, porque tenho desenvolvido isso aqui”, afirmou.
Fonte: Da Redação
