Ministério Público dá mais seis meses para Governo entregar primeira etapa da obra da maternidade

Ministério Público dá mais seis meses para Governo entregar primeira etapa da obra da maternidade
Obra da maternidade – Foto: Roraima em Tempo

O Ministério Público de Roraima (MPRR) estendeu o prazo para que o Governo de Roraima entregue a primeira etapa da obra da Maternidade Nossa Senhora de Nazareth. O órgão fiscalizador publicou o aditivo no Diário Eletrônico desta quinta-feira (27).

O prazo firmado por meio de Termo de Ajustamento de Conduta (TAC) entre as Secretarias de Infraestrutura e de Saúde para a entrega da primeira parte da obra era março deste ano. No entanto, o MPRR agora concedeu mais um prazo de seis meses e o Estado tem até setembro para entregar o serviço. A obra já dura três anos.

Justificativas

Para o novo prazo o MPRR considerou a vistoria do engenheiro do órgão que ocorreu entre os dias 8 e 22 de maio. O profissional constatou que a obra ainda está em andamento.

Além disso, a Secretaria de Infraestrutura (Seinf) enviou ofício solicitando a prorrogação do prazo sob a justificativa da intrafegabilidade dos rios. A pasta disse que isso gerou a necessidade de revisão da quantidade e valores de produto e insumos previstos no quantitativo inicial da obra.

Outra justificativa do Governo é que o Estado está realizando levantamento de todos os cargos deficitários para a realização de concurso público.

O Ministério Público explicou no documento que, diante da complexidade da obra, bem como da necessidade de observância de regras inerentes a projetos, aprovações, convênios e execução, os prazos fixados poderão ser revistos sempre que tais circunstâncias não derivem de desídia, ou seja, negligência por parte do órgão fiscalizador.

Quem assina o documento são os promotores de Defesa do Patrimônio Público, Luiz Antonio Araújo e de Defesa da Saúde, Igor Naves. Por parte do Governo, assinam os secretários de Saúde, Cecília Lorezon e o adjunto de Infraestrutura, Emerson de Paula.

A obra

A reforma geral e ampliação da Maternidade Nossa Senhora de Nazareth iniciou em junho de 2021. Para isso, o Governo do Estado transferiu as pacientes para o antigo Hospital e Campanha da Covid-19 que funciona sob uma estrutura improvisada.

Na ocasião, o governador Antonio Denarium (Progressistas) posou para fotos e publicou nas redes sociais que a situação duraria apenas cinco meses. O que não aconteceu.

Aluguel milionário

A estrutura de tendas e lonas é alugada pelo Governo do Estado. Dessa forma, em agosto de 2021, a Sesau assinou o contrato de aluguel por R$ 10 milhões por um ano. Em seguida, fez um reajuste de 18% e o aluguel passou a ser cerca de R$ 12 milhões. No dia 9 de agosto de 2022, a Sesau renovou o contrato por mais um ano e aumentou o valor para R$ 13 milhões.

Do mesmo modo, em agosto de 2023, a secretaria renovou o contrato por mais um ano e pelo mesmo valor do ano anterior.

Conforme a pasta, o local abrigaria a maternidade, assim como o Hospital Geral de Roraima (HGR). Contudo, em vez do HGR, o Governo instalou o Hospital de Retaguarda, fechado em março de 2023.

Mortes de bebês

Debaixo da estrutura improvisada, onde funciona a Maternidade Nossa Senhora de Nazareth, 273 bebês morreram entre os anos de 2022 e 2023. Os dados são da própria Secretaria de Saúde de Roraima.

Conforme o levantamento, somente no ano passado, o número chegou a 171 óbitos. O registro é o maior dos últimos 16 anos. Além disso, é quase 70% maior do que o registrado em 2022, que foi de 102 mortes. Ou seja, 69 a mais.

O Governo de Roraima disse à imprensa que a falta de pré-natal e a crise migratória são os motivos das mortes das crianças. Disse ainda que a maternidade possui Comitês de Ética e Mortalidade em pleno funcionamento, que têm a finalidade de analisar todos os óbitos ocorridos na unidade hospitalar, verificando a causa do óbito para repassar dados importantes aos órgãos responsáveis. Isso, visando um melhor atendimento à população. Se constatado qualquer equívoco no procedimento, os Comitês adotam as devidas providências.

Fonte: Da Redação