O atacante Willian “Bigode”, do Fluminense, conseguiu desbloquear suas contas na Justiça. A decisão foi tomada pelo juiz Danilo Fadel de Castro, da 10ª Vara Cível de São Paulo, e publicada nesta segunda-feira (13) no Diário da Justiça Eletrônico do TJ-SP (Tribunal de Justiça do Estado de São Paulo).
Willian teve suas contas bloqueadas após pedido do meia Gustavo Scarpa, seu ex-companheiro de Palmeiras, como consequência do golpe milionário envolvendo criptomoedas que fez o hoje jogador do Nottingham Forest perder mais de R$ 6 milhões – de acordo com Scarpa, esse era praticamente todo o seu patrimônio.
No entanto, “Bigode” obteve decisão favorável na Justiça, que aceitou recurso da WJLC (empresa de consultoria financeira que tem Willian como um dos proprietários) e desbloqueou contas ligadas à companhia. O atacante do Fluminense havia tido, pelo menos, mais de R$ 300 mil bloqueados em suas contas.
Scarpa e seus advogados pediram bloqueios de mais de R$ 5 milhões no total na tentativa de recuperar o investimento feito com a empresa Xland.
O TJ-SP, inclusive, manteve bloqueadas as contas ligadas à Xland e também da Soluções Tecnologia Eireli, que são as outras empresas envolvidas na ação – vale lembrar que o golpe afetou outros jogadores, como o lateral-direito Mayke, que também entrou com processo, e outros que preferiram não acionar a Justiça, como o goleiro Weverton, também do Verdão.
Em sua decisão, o magistrado justificou que, no momento, deveriam ser bloqueados apenas os bens das companhias que assinaram contrato com Scarpa, Mayke e outros investidores do golpe de criptomoedas, que prometia retornos de 3,5% a 5% ao mês, mas nunca devolveu o dinheiro depositado pelos atletas.
Vale lembrar, porém, que a WJLC, apesar de não ter assinado contratos, entrou nos processos por haver indicado a Xland (que recebeu o dinheiro dos atletas através da Soluções Tecnologia Eireli) aos jogadores para investimentos, apontando que eles poderiam confirmar plenamente na empresa.
Relembre o caso
O lateral-direito Mayke, do Palmeiras, e o meia Gustavo Scarpa, ex-jogador do Verdão e atualmente no Nottingham Forest, perderam quase R$ 11 milhões em um investimento em criptomoedas, feito em maio do ano passado em uma empresa indicada pela consultora de planejamento financeiro WLJC, que tem o atacante Willian “Bigode”, atualmente no Fluminense, como um dos proprietários.
As empresas prometiam retornos de 3,5% a 5% ao mês nos investimentos. No entanto, quando os atletas tentaram resgatar o dinheiro, não tiveram sucesso. Dessa forma, eles procuraram a Justiça para reaver as quantias e rescindir os contratos.
A notícia foi dada primeiramente pelo programa “Fantástico“, da TV Globo, e confirmada pela ESPN.
A ESPN teve acesso aos processos que Mayke e Scarpa movem contra três empresas. São elas:
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Xland: “Por não realizar o pagamento no prazo determinado no contrato e não fornecer qualquer notícia acerca do dinheiro investido, tampouco realizar os pagamentos e devolução do valor”
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WLJC: “Por ter indicado os serviços e ainda atuar como parceira comercial atraiu a responsabilidade solidária e deve responder, igualitariamente, pelos danos causados”
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Soluções Tecnologia Eireli: “Por ser a responsável pelo recebimento e transformação da moeda corrente para criptomoedas, age em parceria com a ré Xland e deve responder pela devolução e ressarcimento”
O processo de Scarpa corre na 10ª Vara Cível de São Paulo. O meio-campista alega que o prazo para a devolução do dinheiro era 19 de agosto do ano passado, o que não ocorreu. Com isso, ele pede a rescisão dos contratos assinados e o ressarcimento dos R$ 6.300.000,00 investidos.
Já o caso de Mayke está na 14ª Vara Cível da capital paulista. Ele também pede as rescisões contratuais e a devolução de seu investimento de R$ 4.583.789,31, o que deveria ter sido feito em 12 de outubro de 2022.
O lateral-direito ainda exige o pagamento de R$ 3.250.443,30, que seria a rentabilidade do período, dando um valor total à causa de R$ 7.834.232,61.
Nas duas ações, os jogadores ainda pedem à Justiça que “seja realizado bloqueio e arresto de valores depositados em contas bancárias, bens móveis e imóveis, ativos financeiros alocados em agências de exchanges de criptomoedas, corretoras de valores, dentre outros bens possíveis e passíveis de penhora em nome das rés”, a fim de “resguardar o integral cumprimento” dos valores devidos.
Procurada, a assessoria de Willian “Bigode” ressaltou que o atacante também teve prejuízos com a empresa de criptomoedas e se posicionou por meio de nota oficial (veja completa abaixo).
De acordo com fontes ouvidas pela ESPN, Willian prestou depoimento à polícia na investigação e disse também ser vítima. Ele afirmou que perdeu cerca de R$ 17,5 milhões no caso.
A reportagem ainda apurou que Scarpa e Mayke não foram os únicos atletas prejudicados pelo golpe, já que outros jogadores, tanto de Palmeiras quanto de Fluminense, também levaram prejuízos no esquema. Todavia, Scarpa e Mayke, até o momento, foram os que decidiram ir à Justiça para reaver os investimentos.
Veja posicionamento de Willian “Bigode” e da WLJC
Willian e WLJC Consultoria e Gestão Empresarial através de seus advogados vêm por meio desta nota em razão das últimas notícias esclarecer que, assim como Mayke e Scarpa, Willian também se sente vítima da Xland, já que, somando os rendimentos com o capital aportado, teve um prejuízo de aproximadamente R$ 17.500.000,00 (dezessete milhões e quinhentos mil reais) com a Xland, uma vez que solicitou o resgate dos valores em novembro de 2022 a até hoje não recebeu qualquer quantia.
Willian foi apresentado aos sócios da Xland, Gabriel e Jean, por Marçal Siqueira, pessoa de sua extrema confiança.
Após reuniões que envolveram advogados, Gabriel e Jean, Willian sentiu-se confortável em iniciar os investimentos na Xland, porque acreditou na idoneidade da empresa.
Somente após investir capital próprio e porque lhe foi apresentado uma série de garantias, Willian comentou sobre a empresa Xland para Gustavo, que se interessou pelo investimento e procurou sua empresa WLJC para obter mais informações.
Destaca-se que a empresa WLJC não é uma corretora muito menos tem poderes para realizar investimento em nome de seus clientes, atuando exclusivamente no ramo do planejamento financeiro.
Mayke é cliente da empresa WLJC que presta o serviço de planejamento financeiro.
Ressalta-se que quanto ao Scarpa, somente foram prestadas informações com relação à Xland e qual o procedimento para investir, uma vez que ele não possui contrato de prestação de serviços com a WLJC.
Importante ressaltar que toda a relação contratual, envolvendo o investimento em criptoativos, deu-se diretamente por Mayke e Scarpa com a Xland, sendo todos os valores investidos transferidos diretamente para as contas da Xland.