Vice-governador acredita que Denarium não pedirá intervenção na Saúde; ‘Vaidoso demais’

"Ele [Denarium] fala que investiu quase dois bilhões na Saúde. Vamos esmiuçar: esses recursos são, na sua maioria, de emendas parlamentares que indicam ‘pra’ onde vão, não há um plano estadual de Saúde, não há sequência de investimento”, disse Frutuoso Lins

O vice-governador de Roraima, Frutoso Lins, comentou a sugestão do secretário Olivan Junior a Antonio Denarium de pedir intervenção federal na Saúde. Em entrevista exclusiva ao Roraima em Tempo, nesta segunda-feira (25), ele avaliou que a medida não seria a mais adequada e disse que Denarium não pediria por ser vaidoso.

“Ele falava em gestão, que os governos anteriores tinham dinheiro, mas não tinham gestão. Se ele disser que vai pedir intervenção na Saúde, está declarando que não sabe gerir. Acredito que ele não vá pedir. Ele é vaidoso demais. Outra vez a situação corrobora com o que já disse: ele não se preocupa com a Saúde Pública, que deve ser tratada com dedicação e ausência de corrupção”, declarou o médico.

Lins frisou que uma eventual intervenção levaria todos os contratos da gestão Denarium a passar por auditoria, o que, na concepção dele, não agradaria o governador, e resumiu: “Não é tempo de ganhar dinheiro, mas de salvar vidas”.

As declarações ocorrem após um ofício ter se tornado público no fim de semana. Nele, o secretário Olivan Junior narra para Denarium uma série de irregularidades e entraves financeiros na Saúde, que dificultam o trabalho da gestão. Por fim, sugere intervenção federal na secretaria, como forma de evitar colapso durante a pandemia de coronavírus.

“Fiquei bastante preocupado com a posição do secretário, que parece estar com boa vontade, mas ficou receoso acerca das ingerências que vem ocorrendo na secretaria. Não paro de lembrar das falas de Allan Garcês, que tinha coisa errada sendo feita pelo Monteiro, a fala de Ailton, que lá [na Sesau] tem atos de ilegalidades e até corrupção”, comentou.

DENÚNCIAS

As denúncias cercam a Sesau há anos, mas ganharam destaques durante a pandemia de coronavírus após compras superfaturadas de equipamentos e insumos. A queda de Francisco Monteiro do comando da Pasta foi motivada pela aquisição de 30 respirados a R$ 6,4 milhões. Olivan se tornou o sexto gestor em pouco mais de um ano. As investigações da CPI da Saúde apontam indícios de irregularidades em 21 contratos emergenciais.

“Cada vez mais tenho certeza que o governador sabia de tudo. Não consigo acreditar que ele não sabia de nada. Agora está documentado. A Secretaria deve ser tratada com gestão, sem política. Acredito que se ainda tem algum político lá, nenhum quer estar no alvo dessas ações. É o momento do governador tratar a saúde com seriedade. Até agora, pelas palavras de Olivan, não tem gestão. Tem indícios de corrupção”, avaliou Frutoso.

Para o médico, a intervenção não é o caminho. Ele elencou algumas ações que, na visão dele, poderiam ser adotadas: terceirizar os leitos para pacientes com coronavírus; contratar a plataforma Bionexo; acionar o Hospital Sírio Libanês para melhorar o fluxo do Hospital Geral de Roraima (HGR), bem como órgãos de assessoria técnica.

Informações: Roraima em Tempo – Foto: Edinaldo Morais