Mais de 20 mil garimpeiros estão em Terra Yanomami de Roraima, afirma procurador

O procurador Edson Damas, do Ministério Público de Roraima (MPRR), afirmou hoje (2) que apenas na reserva indígena do povo Yanomami, Noroeste do estado, estima-se que existam mais de 20 mil garimpeiros.

A fala de Damas reflete preocupação frente à proximidade entre garimpeiros e indígenas em época de pandemia do coronavírus. Para ele, um genocídio pode ocorrer entre os indígenas, mais ainda pelos conflitos registrados recentemente e que estão sob investigação.

“Tem mais de 20 mil garimpeiros na reserva e eles só entram e se mantêm lá se houver contato com os índios. Isso pode levar a um genocídio de yanomami porque é um povo sensível, tem um sistema imunológico diferente do nosso”, alertou.

Denúncias envolvendo garimpos em terras indígenas são feitas há décadas. Mesmo com operações sendo feitas nessas localidades, os problemas referentes à exploração mineral continuam sendo denunciados pelas lideranças. O procurador já comunicou às autoridades sobre perigos para esta semana.

Em janeiro deste ano, o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) apresentou proposta que amplia pecuária, agricultura e construções de hidrelétricas dentro das comunidades. O tema é debatido pelo governo bolsonarista, que defende abertamente a regularização do garimpo como forma de impulsionar a economia do país.

Por outro lado, indígenas denunciam que a atividade ilegal tem sido responsável por mortes e contaminação da natureza. A mineração em terras indígenas é ainda defendida pelo governador Antonio Denarium (sem partido), como mostrou o Roraima em Tempo.

Edson defendeu uma ação forte e estratégica por parte do Governo Federal, para se criar política pública que barre a entrada dos garimpeiros na área, já que o histórico de operações de retirada de não índios demonstrou que o retorno deles à reserva acontece em questão de dias após a ação policial.

“É preciso inverter a lógica, precisamos criar esse mecanismo, uma política pública para barrar a entrada de garimpeiros na reserva”, salientou Edson Damas, sem descartar a necessidade imediata de se retirar os milhares de garimpeiros que hoje estão na reserva Yanomami.

Informações: Roraima em Tempo – Foto: Edinaldo Morais