MP teme colapso na Saúde e defende intensificar medidas de isolamento em Roraima

O Ministério Público do Estado de Roraima (MPRR) não descarta a possibilidade de pedir lockdown (confinamento) para frear a propagação do coronavírus no estado. A medida só será formalizada se o sistema de saúde entrar em colapso devido às internações.

No começo da semana, o MPRR e o Ministério Público Federal (MPF) recomendaram que o Governo de Roraima e os municípios não afrouxassem as medidas de isolamento em maio e junho, meses de pico da doença, como prevê um estudo epidemiológico.

Em entrevista exclusiva ao Roraima em Tempo nesta quinta-feira (7), o procurador de Justiça e membro do Gabinete de Gerenciamento da Covid-19, Edson Damas, justificou que existe uma pressão do comércio para que as atividades sejam retomadas, porém, a medida representa risco à Saúde Pública.

“[Levando em consideração] essas projeções epidemiológicas, preocupados com a saúde e acompanhando o número de leitos e profissionais para atender a população, resolvemos fazer a recomendação”, disse.

Segundo ele, a partir disso, haverá maior policiamento nas ruas para orientar as pessoas que estiverem aglomeradas. “Não é no sentido de prender ou fazer algo contra alguém. O lockdown só se dá quando aumentam os casos e há esgotamento no sistema de saúde. Não se descarta essa hipótese, mas estamos acompanhando”, complementou.

UNIDADES

Atualmente, o Hospital Geral de Roraima (HGR) possui 15 leitos de Unidade de Terapia Intensiva (UTI) para pacientes com coronavírus. Nove deles estão ocupados e 46 pessoas estão internadas. O Governo tem procurado atuar em conjunto com o Exército para que os pacientes sejam atendidos na Área de Proteção e Cuidados (APC).

Damas enfatizou que o MPRR tem cobrado para que o hospital seja efetivado o mais breve possível. No local, serão ofertados 1,2 mil leitos para brasileiros e estrangeiros, assim como indígenas de ambas as nacionalidades. O Executivo disse que dia 15 a unidade passará a receber pacientes.

“O General Barros e o secretário [Olivan Junior] estão assinando o termo e o Governo está passando equipamentos. Vai ter um seletivo para contratação de profissionais. Esse hospital, com a quantidade de leitos e a estrutura, ajudará o sistema. Torcemos para que tenha quantidade de leitos e, assim, não tenha o lockdown“, acrescentou.

O procurador afirmou que o Hospital de Campanha do Canarinho, sob responsabilidade do Poder Executivo, está em funcionamento e será fundamental para evitar que Roraima tenha problemas com falta de leitos e assistência médica, como ocorreu no Amazonas e Pará.

“Temos percebido que cada região é um caso. O que determina o tempo que vai durar a pandemia é o isolamento social. É isso que os ministérios têm cobrado das autoridades para que se mantenha e a população se mantenha isolada”, encerrou.

CENÁRIO

Roraima ultrapassou mil casos na noite dessa quarta-feira (6), conforme informado pela Secretaria de Estado da Saúde (Sesau). Além das internações, 14 pessoas morreram em decorrência da doença e 190 foram consideradas recuperadas da Covid-19.

Informações – Roraima em Tempo – Foto – Yara Walker/Roraima em Tempo