
A pressão do governo federal para que a CPI da Covid, que vai iniciar os trabalhos no próximo dia 27, investigue governos estaduais e municípios pode acabar esbarrando em congressistas aliados do Planalto alvos de investigação sobre desvio de recursos em seus estados.
Dois senadores que podem ser investigados são Chico Rodrigues (DEM), ex-vice-líder do governo, e Telmário Mota (Pros). No ano passado, eles foram alvos da Operação Desvid-19, que investiga desvios de recursos públicos no combate à pandemia em Roraima.
As contratações suspeitas de irregularidades realizadas no âmbito da Secretaria de Estado da Saúde (Sesau), envolviam aproximadamente R$ 20 milhões que deveriam ser utilizados no combate à covid. O caso corre em sigilo.
Durante uma busca da Polícia Federal (PF) em sua residência, Chico Rodrigues chegou a ser flagrado com quase R$ 30 mil em dinheiro vivo, parte desse valor em sua cueca. O senador ficou afastado durante 121 dias de suas funções e retomou o posto no Senado em fevereiro deste ano.
Ao voltar à Casa, Chico Rodrigues disse que “nenhum centavo das emendas foi utilizado” e que sua declaração de Imposto de Renda descartava as acusações feitas contra si.
No curso das investigações, o senador foi impedido de manter contato com Telmário Mota, que na época disse desconhecer o caso e que a citação de seu nome no processo foi articulada por adversários políticos.
Em nota, Chico Rodrigues afirmou ser a favor da CPI da Covid. “Há muita coisa a ser esclarecida, entre elas, a minha inocência. O povo brasileiro, em especial o povo de Roraima, precisa saber os fatos. Espero que a CPI não seja política, mas institucional, e que a verdade das investigações prevaleça. Por isso assinei os três requerimentos para criação da CPI”, disse o senador, que foi afastado da vice-liderança do governo após o episódio.
Já a defesa do senador Telmário Mota afirma ter feito um memorial para a PGR pelo arquivamento do processo. “As denúncias são absolutamente inverídicas e foram imediatamente desmentidas pela própria Secretaria de Estado da Saúde de Roraima que, em 27 de outubro de 2020, declarou que não houve nenhuma contratação, empenho ou liquidação de despesa com recursos oriundas de emenda parlamentar do senador Telmário”.
Informações: Congresso em Foco