
Dados do Painel da Migração no Brasil, do Ministério da Justiça e Segurança Pública (MJSP) revelam que Cuba superou a Venezuela no número de pedidos de refúgio ao Brasil. Só no primeiro trimestre de 2025, cidadãos cubanos fizeram 9.467 solicitações, o equivalente a 52% do total registrado no período. Venezuelanos somaram 5.794 pedidos (31,8%).
A entrada de cubanos ocorre principalmente por vias terrestres na região Norte, com destaque para os municípios de Bonfim, em Roraima, e na fronteira com a Guiana, e Oiapoque, no Amapá, na divisa com a Guiana Francesa.
Concentração de refugiados em Roraima
O estado de Roraima concentrou o maior número de solicitações de refúgio feitas por cubanos no país, com 7.506 registros no período. No entanto, dentro do estado, os venezuelanos ainda lideram, com 4.162 pedidos, seguidos pelos cubanos, com 3.136.
Além de Roraima, os estados com mais solicitações foram Amapá (3.808), São Paulo (2.284) e Amazonas (1.025). Outros países com maior número de pedidos incluem Angola, Colômbia, Marrocos e China.
Desde 2022, os dados do portal DataMigra, também vinculado ao MJSP, já indicavam a tendência de crescimento da migração cubana. Em 2023, o país registrou 13,1 mil pedidos de cubanos — número superior aos 7,6 mil de 2022 e também maior do que o registrado na época do programa Mais Médicos, como em 2013 (5.200).
Apesar do crescimento nos pedidos, o reconhecimento oficial do status de refugiado segue restrito. Das solicitações de refúgio, houveram apenas 324 aprovadas até março deste ano, além de 24 estendidas a familiares. A maioria dos casos tiveram o arquivamento do pedido, solicitação indeferida ou extinta por ausência em entrevistas ou pela não renovação de protocolos.
Motivos da crise migratória
A migração cubana recente é, na sua maior parte, impulsionada principalmente pela crise econômica crônica na ilha. A escassez de alimentos, combustível e energia se intensificou nos últimos anos. Em março, o país enfrentou o segundo apagão nacional em apenas quatro meses.
Além de ser um destino para refúgio, o Brasil tem sido utilizado por muitos cubanos como rota de passagem para países como Uruguai, Chile e, especialmente, Estados Unidos. Contudo, as políticas de deportação em massa adotadas por Washington têm levado parte desses migrantes a reconsiderar o destino final.
Fonte: O Antagonista