O palco era o Tribunal Superior Eleitoral (TSE). Mais uma vez, esperava-se assistir ao poder das dezenas de bancas de advogados — sustentadas à custa da falência do Estado de Roraima — garantindo mais uma vitória ao governador Antônio Denarium.
Mas o que se viu foi o prenúncio do fim. O ministro bolsonarista André Mendonça enrolou, tergiversou, mas acabou mantendo a cassação do governador por dois crimes eleitorais.
Apesar do pedido de vista de Kassio Nunes Marques — previamente combinado com o senador Hiran Gonçalves —, a noite de ontem foi marcada por tensão e abatimento no Palácio do Governo.
O combinado era a absolvição. No entanto, diante do constrangimento público provocado pela cobertura da mídia nacional, André Mendonça recuou e confirmou a cassação de Denarium.
Contra o poder e o dinheiro, há apenas uma arma eficaz: o constrangimento imposto pela moralidade que o Judiciário precisa aparentar manter.
Próximos passos
Kassio Nunes deve segurar o processo até fevereiro, quando fatalmente terá que votar. Sem medo de errar, é possível afirmar que ele seguirá o entendimento majoritário e confirmará a cassação de Denarium, alcançando três votos e selando o destino do governador — já que os demais ministros já se manifestaram pelo afastamento.
Resta saber se algum ministro “engraçadinho” pedirá vista novamente, o que empurraria o desfecho para abril de 2026.
Mentira recorrente
O governador Antônio Denarium insiste em repetir a quem quiser ouvir — e acreditar — que, em abril, deixará o cargo para disputar uma vaga no Senado.
Mas seus apoiadores mais fiéis, por pura ignorância, parecem não saber que o registro de candidatura ao Senado só será confirmado após agosto. Mesmo que todos os ministros pedissem vista, o julgamento terminaria em julho — muito antes de ele sequer poder protocolar seu pedido de registro eleitoral.
E, ainda que viesse a concorrer, precisaria garantir que não seria cassado antes da diplomação, em dezembro de 2026.
É preciso ser muito mal informado para acreditar nas bravatas do governador.
De fato, Denarium gastou tudo o que pôde para se manter no cargo até aqui. Mas há algo que nem o dinheiro nem as bancas de advogados podem garantir: escapar da inevitável cassação.
E ela virá.




























