Quando candidato, Telmário pediu fechamento da fronteira, agora pede reabertura ao ditador

O senador Telmário Mota (Pros) viajou à Venezuela para pedir a reabertura da fronteira. O encontro com lideranças de Nicolás Maduro ocorre após o parlamentar defender, no ano passado, durante as eleições, o fechamento da passagem entre os dois países. Ele publicou um artigo no qual defende o pedido de reabertura.

Conforme a assessoria de Mota, ele relatou grandes expectativas em relação ao restabelecimento das relações diplomáticas, comerciais, culturais e sociais entre os povos, após a audiência.

“As autoridades venezuelanas, acatando minha solicitação, viabilizaram minha vinda à Venezuela, em busca de estabelecer a paz e a harmonia entre os nossos países, pois sempre fomos nações irmãs e não seria agora que iríamos nos separar”, disse Telmário.

O senador foi recebido pelo Vice-Ministro da América Latina, Alexander Yanez; pelo Vice-Ministro da América do Norte, Carlos Ron; pelo Ministro do poder popular para as relações exteriores, Jorge Arreaza e Alberto Castelar, Embaixador da República Bolivariana da Venezuela no Brasil.

A nova bandeira do senador entra em contradição com o discuro durante a campanha ao governo. Ele ficou em quarto lugar com 9,4 mil votos, ou 3,5% dos votos válidos.

Quando disputava o Palácio Senador Hélio Campos, disse que a questão da entrada de venezuelanos era culpa da Prefeitura de Boa Vista e do Governo Federal. Durante a campanha, o parlamentar disse que, caso a União não mandasse polícia ao marco BV-8, para impedir a entrada dos estrangeiros, ele mandaria a polícia dele.

“Ou o novo presidente fecha a fronteira e dá condições para estado de Roraima, ou eu vou botar minha polícia e vou fechar e vou criar uma situação institucional entre o estado de Roraima e a nação brasileira”, discursou em vídeo compartilhado durante o período eleitoral.

Agora, depois de ter sido derrotado, mas com quatro anos de mantado na Casa Legislativa, o político defende abertamente a reabertura da fronteira entre os dois países, bloqueada desde o dia 21 de fevereiro. Mota foi inclusive designado como membro de uma comissão do Senado para tratar sobre as questões que envolvem a migração.

No mês passado, o senador expressou a busca pela reabertura da fronteira que, segundo ele, tem causado grande impacto na economia local. No Facebook, ao lado cônsul da Venezuela em Roraima, Faustino Tolella Ambrosini, o senador disse que negociava a retirada do bloqueio.

“O nosso prejuízo só cresce e a crise socioeconômica também. Hoje, por exemplo, temos em Pacaraima e Boa Vista, 150 carretas com 30 toneladas cada, e mais 450 toneladas aguardando exportação para a Venezuela. Além dessa forte relação comercial que está inviabilizada, temos a nossa relação cultural e social, que está bastante prejudicada e precisa ser restabelecida. Estamos lutando para que os nossos povos não sofram ainda mais com as consequências do fechamento da fronteira, que já passa de um mês”, escreveu.

ARTIGO

“A fronteira da Venezuela com o Brasil foi fechada há algumas semanas, como todos devem saber. Mas talvez poucos saibam o quão profundas eram as relações comerciais, energéticas e culturais de Roraima com a Venezuela”, escreveu a um portal de notícias.

No artigo publicado, Telmário cita dificuldades enfrentadas pelo povo do Estado e afirma que é preciso pensar em todas as empresas, pessoas, educação e saúde, que dependem da fronteira aberta. O texto foi publicado no fim do mês passado.

“Nosso povo de Roraima passa muita dificuldade com toda essa crise diplomática e política. Primeiro, porque generosamente abrigamos milhares de refugiados venezuelanos, mesmo sem estarmos preparados. Mesmo sem termos recursos materiais para abrigar tanta gente. Temos apenas nossa hospitalidade para oferecer”, continuou.