Até o início da noite de terça-feira (2), o Rio Branco estava com 4,85 metros em Boa Vista e 6,62 metros em Caracaraí. Ao comparar com o mesmo período de 2018, o rio chegou a 7.59 metros, ou seja, 2.14 metros acima do nível atual. Em Caracaraí, por exemplo, o rio atingiu 9,23 metros em 2018, e mais de 500 pessoas foram afetadas pelo inverno rigoroso. Outras cidades que sofreram com a cheia foram Uiramutã e Pacaraima. Os dados são da Companhia de Água e Esgoto de Roraima (Caerr).
Conforme o meteorologista Ramon Alves, esses índices estão dentro da normalidade climatológica prevista para 2019. “Eu até diria que esses valores pluviométricos estão próximos da normalidade. Em junho, por exemplo, choveu em torno de 437 milímetros, foi um pouco acima do normal, mas era o previsto pelo Sipam [Serviço de Proteção da Amazônia] e Cptec [Centro de Previsão de Tempo e Estudos Climatológicos]”, disse.
Segundo ele, agora em julho os valores pluviométricos irão variar entre 350 milímetros a 450 milímetros mês. “São valores também próximos da normalidade climatológica prevista para o período. Julho é o último mês que mais chove dentro período chuvoso, além de maio e junho”, ressaltou, comentando que em agosto e setembro os valores pluviométricos vão reduzindo e em outubro começa oficialmente o período seco.
Alves explicou que a baixa normalidade climatológica é porque neste período chuvoso, Roraima sofre influência do fenômeno El Niño, o que significa que as chuvas ocorrem abaixo do que está previsto para o período. Ele lembrou que no ano passado a região Norte não estava sob influência do fenômeno que diminui a ocorrência de chuvas e, por conta disso, houve o aquecimento das águas do Oceano Pacífico provocando redução das chuvas no estado, por causa da influência desse fenômeno.
Defesa Civil registra somente uma ocorrência por conta de chuvas
Enquanto em 2018 foi decretada situação de emergência em alguns municípios do Estado, este ano, como o período chuvoso está dentro do previsto pela Fundação do Meio Ambiente e Recursos Hídricos (Femarh), a Defesa Civil Estadual não foi acionada para eventuais problemas provocados pela chuva.
O chefe de operações e desastres da Defesa Civil Estadual, Estevam dos Santos, explicou que, até o momento, o órgão não interviu em nenhum dos municípios, pois não houve demanda para socorrer famílias que moram nas proximidades de rios. “O Rio Branco está cheio, mas dentro da normalidade. Embora tenha chovido, ainda está abaixo do previsto”, disse.
Já a Defesa Civil da capital Boa Vista socorreu apenas uma família que precisou ser deslocada do bairro Cauamé para a residência de parentes.
Por meio de nota, a Prefeitura comentou que, durante muitos anos, os maiores problemas de alagamentos em Boa Vista aconteciam na área de interesse social Caetano Filho, antigo Beiral.
Esclareceu que, com os investimentos no local, mais de 300 famílias não precisam mais sair de casa durante o período chuvoso. “Para se ter uma ideia, neste inverno, apenas uma família precisou ser deslocada do bairro Cauamé para a residência de parentes”, disse a nota.