Em apenas seis meses, mais de 6 mil toneladas de lixo foram removidas de ruas, terrenos abandonados e igarapés de Boa Vista. A maior parte de todo material recolhido é encontrado em cinco regiões da cidade, é o que afirma a Secretaria Municipal de Serviços Públicos e Meio Ambiente (SPMA).
Entre os itens coletados estão galhadas, garrafas de vidro, sacos plásticos, pneus, mobílias e até animais mortos. Em muitos casos, jogados em terrenos baldios e cobertos por vegetação, o que dificulta a identificação.
Segundo José Pereira Souza, de 70 anos, morador do bairro Centenário, na zona Oeste de Boa Vista, o descaso é tanto que, há doze anos, um igarapé que fica ao lado do bairro Jóquei Clube se transformou em ponto de despejo.
“Animais mortos sempre são despejado aqui perto. O céu sempre foi cheio de urubus e aqui dá muito mosquito. Tanto é que eu durmo com mosquiteiro em casa. No verão, alguns chegam a queimar o lixo por aqui. É horrível”, relata.
Outra moradora do bairro Centenário, também na zona Oeste, Mileanys Coronado explica que é imigrante da Venezuela, mora no bairro há apenas um mês, mas já sente os problemas de conviver perto do lixo.
“Eu tenho um filho pequeno, de colo, e já sinto que ele está começando a ficar doente, sentir dor de barriga (…) O cheiro é o que mais incomoda, pois não importa o quão perfumada a casa esteja, ainda fica fedendo a lixo”, disse.
De acordo com o secretário da Secretaria de Meio Ambiente, Daniel Peixoto, o problema é constante devido a falta de sensibilidade dos próprios moradores.
“(No) acesso da RR-205 (pelo bairro Cidade Satélite, zona Oeste), por exemplo, já limpamos a região três vezes só neste ano, e entulhos continuam a se formar por lá. E como não possui um lugar fixo, ele vai se alastrando pela beira da RR”, comentou.
Pontos com maior incidência de lixo
- Parte de trás do bairro São Bento (zona Oeste de Boa Vista)
- Margens do igarapé Wai Grande, próximo ao aterro sanitário municipal
- Igarapé que divide os bairros Centenário, Jóquei Clube e Aracelis (zona Oeste)
- Acesso à RR 205 pelo bairro Cidade Satélite (zona Oeste)
- Anel Viário, próximo do bairro Laura Moreira (zona Oeste)
Conforme a Lei Municipal nº 18/74, o depósito de qualquer espécie de lixo, inclusive resíduos industriais, entulhos e galhadas, pode render multa de R$ 1.000 ao infrator e R$ 5.000 em caso de reincidência.
Apesar das penalidades, Peixoto destaca que a fiscalização não é suficiente para coibir as infrações na cidade.
“Contamos com somente dois fiscais para a cidade inteira, e eles não possuem armamento para caso sejam ameaçados. Não podemos disfarçar eles, pois é obrigatório a identificação do servidor. No Bairro dos Estados (zona Leste) tínhamos um problema sério de despejo também, que foi resolvido com a contratação de um guarda, mas não temos muito mais poder aquisitivo do que isso”, explicou.