A construtora responsável pelos serviços de esgotamento sanitário de Boa Vista pode paralisar as obras devido à falta de repasse do governo de Roraima. A dívida do Estado junto à empresa é de quase R$ 2 milhões. De acordo com a companhia, sem a quitação dos débitos, as obras podem sofrer atrasos, o que resultaria em danos aos investimentos, assim como problemas ambientais e de saúde pública.
Com a não conclusão das obras, as áreas não atendidas pelo sistema sanitário tem o esgoto lançado em galerias pluviais, diretamente nos igarapés, provocando impacto ao meio ambiente.
Outro problema é ocasionado pelo esgoto a céu aberto, um meio propício à contaminação da população. O contato dos moradores com esses dejetos aumenta os índices de doenças, trazendo desconforto à população, assim como aumento dos gastos com a saúde pública.
Além disso, a fiscalização e gerenciamento da obra tem constatado que em alguns locais está ocorrendo o transbordamento do esgoto, devido à ocorrência de ligações clandestinas de esgoto na rede que ainda não foi concluída. Os bairros mais afetados pela não conclusão das obras são: Alvorada; Equatorial; Dr. Silvio Leite; Cambará; Asa Branca; Nova Cidade e Bela Vista.
Deusilene Costa, moradora do bairro Alvorada, zona Oeste de Boa Vista, se mostra preocupada com a situação. Segundo ela, o forte odor ocasionado pelo vazamento de esgoto tem causado mal estar nos moradores da região.
“Além do cheiro insuportável que já tem incomodado demais a todos, é difícil não se preocupar com os vazamentos de esgoto e as doenças que isso pode causar nos moradores e nas crianças que brincam na rua”, relatou.
A obra é instrumento de repasse da união no valor de R$ 88 milhões, vinculado à segunda etapa do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC-2). De acordo com o governo de Roraima, as obras já estão em fase final com 98,5% já executadas, restando apenas 2,5% para a sua conclusão.
Para tentar evitar maiores danos e paralisação das obras, o Estado ingressou com uma ação na justiça pedindo quebra da ordem cronológica de pagamento das empresas licenciadas para adiantar a quitação das dívidas à construtora para que a mesma possa o mais rápido solucionar os problemas mencionados e possibilitar a população um adequado sistema de esgoto.
ESTADO
A Secretaria Estadual de Infraestrutura (Seinf) informou que a quebra da ordem cronológica de pagamentos de despesas liquidadas, referente às notas fiscais de reajustamento relativo aos serviços de Ampliação do Sistema de Esgotamento Sanitário de Boa Vista, da 5ª Etapa, foi necessária para a conclusão da obra e são recursos custeados pelo próprio Governo do Estado, não estando inclusos no repasse do convênio com o Governo Federal.
“É importante salientar que o atraso na obra já vem de gestões anteriores, haja vista que o serviço iniciou em 2009”, complementou a nota enviada à redação.
A atual gestão está tomando as medidas necessárias para que os serviços sejam concluídos totalmente antes do final deste ano, deixando Boa Vista com cerca de 93% dos domicílios interligados à rede de esgoto, um dos maiores índices entre as capitais do estado.
