Sem muito alarde, o Consulado-Geral da Venezuela em Boa Vista está fazendo um trabalho de apoio aos migrantes venezuelanos que desejam retornar a seu país. O programa começou há um ano e mais de 4 mil já procuram o Consulado para se inscreverem, manifestando vontade de retornar à Venezuela por meio do Programa de Repatriação. Só este ano já foram feitas quatro operações de retorno ao país, que repatriou 367 pessoas, destas, 84 eram crianças. Não há prazo para o fim da operação.
O plano iniciou em agosto de 2018, logo após o conflito registrado nas ruas de Pacaraima, quando alguns moradores exigiam a expulsão de imigrantes venezuelanos. Á época, muitos venezuelanos retornaram a pé para o território venezuelano.
À Folha, o cônsul-geral da Venezuela em Roraima, Faustino Torella Ambrosini, disse que a partir desse momento, que o Governo de Nicolás Maduro iniciou a política de repatriação para as pessoas que se manifestassem interessadas em voltar para a Venezuela o fizessem de forma voluntária.
“Demonstrar interesse voluntário em voltar para seu país é um dos requisitos mais importantes para ser atendido pelo programa e depois tem que preencher o formulário que entregamos aqui no Consulado”, disse.
Ele destacou o preenchimento do formulário como fundamental para nortear as ações de ajuda que são adotadas pelo governo de Nicolás Maduro, quando da chegada à Venezuela.
Entre os requisitos, está se a pessoa é portadora de alguma doença ou enfermidade, profissão ou em que pode trabalhar. “De modo que possa ser encaixado em projetos de trabalho e ter direito à alimentação e a preços acessíveis de 23 mil Bolívar Soberano, equivalente a 3 dólares, que é subsidiada do Governo, que é como se fosse o recebimento de uma cesta básica a cada quinze dias”, disse.
Os demais requisitos do plano são: ser venezuelano, encontrar-se em situação de vulnerabilidade, não ter recursos para retornar à pátria, preencher o formulário de inscrição, além de apresentar a cédula de identidade, passaporte e registro de nascimento.
É exigida ainda a elaboração de uma carta direcionada ao consulado venezuelano solicitando a repatriação, contendo dados pessoais e os motivos pelo qual solicita a repatriação. Deve ainda destacar que expressa seu desejo voluntário de retornar ao país e a prioridade é para famílias com crianças, grávidas, idosos e depois homens solteiros e que estejam fora dos abrigos.
“Os menores de idade não viajam sozinhos, devem estar acompanhados por representantes legalmente autorizados e apenas uma maleta de viagem é permitida”, disse. “As pessoas só poderão se beneficiar da operação apenas uma vez e ficam proibidas de participar de outros retornos à pátria pelo programa”, afirmou.
Ele explicou que o Consulado tem disponibilizado ônibus contratados de empresas de Roraima que os levam até Santa Elena do Uairém, de onde são transportados para suas cidades de origem em veículos providenciados pelos governos de cada cidade.
Os ônibus saem de frente ao consulado e a demanda é de acordo com a procura dos voluntários. A cada cem pedidos o Consulado contrata dois ônibus que os levam até Santa Helena.
“Quando estamos com números expressivos é que informamos ao Governo de Bolívar sobre a viagem”, disse Abrosini. “Lá tem uma equipe médica de prontidão para fazer a triagem de todos que chegam e depois passam pela Polícia Migratória para assinar sua repatriação antes de providenciam o transporte para Porto Ordaz e de lá para o destino de cada pessoa”, afirmou.
Ele informou que a maioria das pessoas é de Maturin, El Tigre, Anaco, Barcelona, São Félix, Tucui (índios Warao), Porto Ordaz e Simon Bolívar, além de Valência e Caracas.
Informações: Folha de Boa Vista