Opinião: o aumento de até R$ 9 mil em salários de delegados em meio à crise financeira

EMBATE

Ao que tudo indica a classe de policiais, como um todo, colocou o governador Antonio Denarium entre a cruz e a espada. Neste fim de semana, a Associação dos Delegados da Polícia Civil de Roraima afirmou ter encaminhado uma carta ao governador, bem como ao delegado-geral da instituição, alegando que, caso haja veto à proposta de aumento de salários, eles vão deixar os cargos que ocupam. Em contrapartida, os policiais exigem um novo projeto de lei que também altere as remunerações das outras nove categorias. Se o veto não ocorrer, os servidores garantiram que vão paralisar as atividades por tempo indeterminado. É possível saber a dimensão desta ‘greve’, tendo em vista que ano passado os policiais civis pararam as atividades devido o atraso no pagamento de salários. À época, o atendimento à população se tornou um caos. Boletins sendo registrado em apenas um distrito, com déficit de profissionais e tantos outros reflexos. O governador vai mesmo arriscar?

PESADO

A associação dos delegados usou uns termos pesados, que fizeram até mesmo o sindicato dos policiais questionarem se, realmente, o representante da entidade havia enviado aquilo à imprensa. “Verdadeiro desrespeito aos delegados, criando factoide, mentiras, ofendendo a honra, denegrindo a imagem, agredindo nossas famílias com dossiês falsos, pregando a insubordinação por pirraça, tudo jogo sujo. Ao invés de buscar os direitos dos sindicalizados, buscam somente desrespeitar e atacar a carreira de delegado”, cita a Associação. Desde que o reajuste foi aprovado, a associação se mantinha, digamos, às sombras da decisão. Parece que saiu com ‘armas em punho’ para dilacerar todas as críticas deferidas contra eles. É preciso lembrar que antes desse jogo por salários maiores, que não deixar de ser necessário, é preciso o governo investir em Segurança. A criminalidade continua crescendo e o Estado demonstra estar usando uma máscara para não enxergar a gravidade do problema… Voltando ao assunto do projeto…

CRISE

Por outro lado, se os delegados deixarem os postos que ocupam, quem vai assumir? Tudo se resume à decisão do governador que, sabe-se lá por que, decidiu dar esse presente de Natal aos delegados do Estado. Um projeto que passou por debaixo dos panos, sem uma discussão clara e objetiva na Casa Legislativa. A dúvida que paira frente à decisão de aumentar salários é: e a crise financeira? Por que aumentar salários em tempos de déficits e mais déficits? O Estado alega, constantemente, que as contas públicas continuam na balança do desequilíbrio fiscal, sem previsão para que isso acabe ou ao menos diminua. Durante todo o ano de 2019, o decreto de calamidade financeira proibia diversas situações, como pagamento de diárias, gratificações, suspensão de contratos, reformulação de outros, e por aí vai… Contudo, o vice-governador Frutuoso Lins bem pontuou quando rompeu com o governador: há privilégios para uns e migalhas para outros. No momento em que se assume a responsabilidade de cuidar de um Estado, se governa para todos, não para meia dúzia.

FAMA

Denarium fez uma fama para estar no pedestal da amargura popular. No fim de semana, no oportunista evento do deputado estadual Jeferson Alves, o governador foi duramente vaiado, quando apareceu num telão tecendo elogios ao amante de rinha de galo (há vídeos que comprovam isso). Com a imagem estampada para milhares de pessoas, a resposta foi extremamente negativa. Dos que falaram no vídeo, ele levou o primeiro lugar em rejeição. “As pessoas vaiavam, faziam gestos obscenos para ele. Não imaginava que ele estivesse com a imagem tão queimada perante o povo”, relatou uma fonte à Coluna após participar do evento. Quando o Instituto Paraná divulgou a pesquisa que mostrou rejeição altíssima, a Roraima Alerta frisou que a comunicação do Palácio precisava refazer estratégias para tentar ajudar a recompor a imagem desgastada de Denarium. Pelo visto, a sugestão não foi acatada e o governo continua trilhando os caminhos da rejeição. Se não cuidarem, ele baterá o recorde de Suely Campos.

FORA DA REALIDADE

O senador Chico Rodrigues demonstra está alheio à educação em Roraima. Ele criou um projeto de lei para que o jiu-jítsu integre o currículo das nove séries do ensino fundamental, como uma disciplina opcional aos estudantes. Ora, não se questiona a importância do projeto, mas sim o contraste dele com a realidade de Roraima. Pois bem, vamos às informações. Milhares de alunos indígenas vão terminar o ano letivo de 2019 apenas no ano que vem. Ainda há denúncia de falta de material, merenda, e nas comunidades indígenas isso é ainda muito mais grave. Propor e agir são dois caminhos que andam um sobreposto ao outro. A Coluna explica. No primeiro ano de mandato, o senador nada fez ao não ser viajar para o exterior, com as despesas pagas pelo Senado. Não há qualquer visita a unidades de saúde, conforme consulta às redes oficiais do parlamentar, onde ele publica as ações. Os rastros que podem ser localizados dizem respeito à escola onde ele votou no ano passado.

HARMONIA

Antes de querer que a arte marcial chegue até as escolas, é preciso estruturar as escolas para recebê-la. Quadras, profissionais, merenda, transporte escolar, material de limpeza. A realidade da educação roraimense precisa ser averiguada pelo parlamentar mais de perto. Ouvir as demandas de quem lá passa parte do tempo dedicando-se ao futuro da nação. Não há dúvida de quem muitos querem praticar esporte e veem nesse caminho uma oportunidade de melhorar de vida, mas não se resume a isso. O senador precisa trabalhar mais em 2020 e deixar menos o passaporte de lado. Mostrar que o trunfo de abrigar parentes de Bolsonaro pode render alguma coisa útil para Roraima. Até o momento, a fama de péssimo parlamentar apenas se espalha pelo estado e o arrependimento começa a bater na porta de alguns eleitores. Que pena! Faltarão sete anos.

Informações – Roraima Em Tempo – Foto – Divulgação