Servidores da Sejuc envolvidos com organização criminosa são alvo da PF em Roraima

A Polícia Federal (PF) deflagrou nesta quarta-feira (16) a Operação Alésia, que visa desarticular uma organização criminosa formada por servidores públicos da Secretaria de Estado da Justiça e da Cidadania de Roraima (Sejuc). De acordo com a PF, eles são investigados por crimes de participação em organização criminosa, tráfico de drogas, associação para o tráfico, peculato, corrupção passiva, prevaricação, advocacia administrativa e lavagem de dinheiro.

São cumpridos 29 mandados de prisão preventiva e 50 mandados de busca e apreensão, com a atuação de mais de 200 policiais federais de todo país. O nome da operação faz alusão à célebre batalha travada entre as legiões romanas e o exército gaulês em 52 a.C., onde as forças da então República Romana guerrearam em duas frentes simultâneas e venceram, apesar da grande desvantagem numérica.

“De maneira análoga, os Poderes Constituídos precisam lutar em duas frentes distintas para recobrar o controle do sistema prisional de Roraima. Além de coibir as atividades das principais facções que atuam no estado, a retomada perpassa pela desarticulação da organização criminosa que opera na Sejuc”, explicou a Polícia Federal.

OUTROS MANDADOS

Também são cumpridos mandados de busca na Corregedoria da Sejuc, plantão de custódia de presos do Hospital Geral de Roraima (HGR) e em unidades empresariais de Roraima, cujos controladores são condenados por crimes sexuais contra vulneráveis e se beneficiaram dos diversos crimes praticados pelos investigados. A Operação Alésia conta com o apoio do Ministério Público do Estado de Roraima (MPRR) e do Departamento Penitenciário Nacional (DEPEN).

ENTENDA

Segundo a PF, a investigação que resultou na operação de hoje é um desdobramento da Operação Érebo, que desfez uma facção criminosa atuante no estado cujos integrantes tinham pleno domínio da Penitenciária Agrícola de Monte Cristo (PAMC).

“Tamanho descontrole, inobstante as conhecidas carências estruturais do governo estadual, não poderia passar ao largo da administração do presídio, e alguns diálogos telefônicos interceptados durante a Operação Érebo indicaram contato da administração da unidade com integrantes da facção, membros da cúpula estadual do PCC”, explicou a Polícia Federal.

Conforme as investigações, uma ordem dada por policiais penais lotados na Penitenciária Agrícola Monte Cristo que, após receberem “vantagens indevidas”, facilitavam a entrada de aparelho celular e drogas no maior presídio do estado. Os servidores também permitiam visitas não autorizadas e transferência de internos para outras unidades prisionais, onde as condições de cumprimento de pena são mais favoráveis.

Para a PF, o progresso da investigação ampliou a compreensão do complexo panorama do sistema prisional de Roraima. Constatou-se ilegalidades também nos demais regimes de cumprimento de pena, semiaberto e aberto e outras unidades como Cadeia Pública de Boa Vista (CPBV), Centro de Progressão Penitenciária (CPP) e a Central de Monitoração Eletrônica de Pessoas.

“Usualmente utilizada para apartar presos rejeitados pela condição ou pelo crime que cometeram (integrantes de facções rivais ao PCC, ex-policiais, estupradores), a CPBV tornou-se meio de apartar seletos presos da massa carcerária e, consequentemente, transformou-se em uma das benesses cambiadas pelos integrantes do grupo”, citou a polícia.

SEJUC

Nota na íntegra

A Secretaria de Justiça e Cidadania do Governo de Roraima reitera que não compactua com desvios de conduta de seus agentes e vai colaborar de forma integral com as apurações.

O Governo de Roraima informa também que está sendo feito um combate frontal ao crime organizado em Roraima desde que o governador Antonio Denarium assumiu a gestão, o que reflete de forma direta na queda dos índices de criminalidade no Estado.

Informa ainda que assim que assumiu o governo ainda na intervenção, colocou o Departamento Penitenciário Nacional (Depen) dentro dos presídios de Roraima que antes eram comandados pelo crime organizado e que essa operação é resultado desse trabalho feito de forma conjunta em busca de recobrar o controle do sistema prisional de Roraima, além de desarticular as atividades das principais facções que atuam no Estado.

Informações: Roraima em Tempo – Foto: Divulgação/Sejuc/PF