Familiares de Josilene Viana da Silva, 30 anos, denunciaram neste sábado (12) que a ela aguardou por três dias na Maternidade Nossa Senhora de Nazaré para retirar o bebê que está morto dentro da barriga.
Conforme a irmã da paciente, a família veio de Rorainópolis, Sul de Roraima, no dia 10 de junho, para realizar o procedimento de curetagem, pois o feto já estava sem vida. Contudo, os servidores da unidade informaram que o caso da gestante não é urgente e não há riscos para a saúde da mulher.
“Minha irmã perdeu o filho com nove meses de gestação. Além dessa dor, ela está passando por esta situação enquanto aguarda na unidade. Os médicos dizem que o atendimento dela não é prioridade e as emergências são aquelas mães que estão com o bebê correndo risco de vir a óbito”, denunciou a familiar.
De acordo com a denunciante, ao questionar a demora no atendimento, ela foi negligenciada pelos servidores. Ao afirmarem que iriam denunciar o caso na imprensa, uma médica declarou que “já estavam acostumados com isso”.
“Já são três dias de espera. Só informam para ela aguardar, ter paciência, depois que atenderem as outras gestantes é que vão fazer a cesariana nela. Alguns pacientes são grosseiros”, relatou.
Ainda segundo a mulher, na manhã de sábado, a família foi informada que os servidores aguardavam material para levar Josilene ao centro cirúrgico.
OUTRO CASO
Já a paciente Maria Zélia, que está internada no Hospital Estadual de Retaguarda há uma semana, afirma que após a transferência de gestantes para a unidade, na última semana, houve superlotação.
Ela explicou que foi encaminhada para a unidade após dar à luz filha que também está internada no local. Diante da situação, ela teme que a criança seja contaminada pelo coronavírus devido ao número excessivo de pacientes na enfermaria.
“Lotam as enfermarias sem respeitar o distanciamento, colocando em risco a vida de mães e recém-nascidos. Minha filha está em observação por conta de uma alteração e neste contexto da pandemia, nem os órgãos cumprem com as medidas para frear o vírus e evitar mais mortes. Entendo que o não cumprimento das regras pode ser fatal. Temo por mim e por minha filha, uma vez que o número de crianças com Covid-19 vem aumentando”, denunciou.
Além da falta de leitos, Maria afirma que não houve preparo para realizar as transferências de pacientes, e faltam equipamentos, materiais, medicamentos e exames na unidade de saúde.
“A transparência para o hospital de campanha ocorreu sem nenhum preparo, sem sinalização das enfermarias, sem cama adequada para fazer os partos, gestantes dando à luz na sala de pré-parto, profissionais de saúde esquecem de horário do remédio dos pacientes, perda de material e de exames que é o mais estarrecedor. Ou seja, só uma maquiagem do governo ao dizer que está tudo bem, e que o hospital de campanha estava preparado para receber os pacientes da Maternidade”, criticou.
CITADA
A direção da Maternidade Nossa Senhora de Nazaré informa que a paciente Josilene Viana da Silva foi devidamente atendida. O procedimento para retirada do feto foi realizado, e a família recebeu também orientações sobre o sepultamento.
Em relação às alegações da paciente Maria Zélia sobre o novo espaço onde a Maternidade está funcionando, reitera que tem a mesma estrutura do Hospital Materno Infantil, com a capacidade ampliada em pelo menos 30%.
Conta com leitos de enfermaria, área de emergência, centro cirúrgico, ambulância, farmácia, laboratório, raio x, CME (Central de Material e Esterilização), bem como prestação de serviços e todo o suporte necessário para que o atendimento seja realizado, garantindo segurança e qualidade à população.
Acrescenta que as instalações do Hospital de Retaguarda e da Maternidade são estruturas independentes, com acessos exclusivos, sem nenhum tipo de comunicação e com o devido isolamento.
Todas as regras de biossegurança, conforme recomendação da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) são adotadas e praticadas nas unidades hospitalares da rede estadual de saúde.
Enfatiza que são espaços distintos. A criação da área para atendimento das pacientes da Maternidade não interferiu na estrutura do Hospital de Retaguarda. Não houve redução do número de leitos destinados a pacientes com covid-19 atendidos nessa unidade, que continua oferecendo o suporte adequado ao Hospital Geral de Roraima.
Ressalta que qualquer reclamação ou sugestão sobre atendimento nas unidades de saúde da rede estadual pode ser feita por meio da Ouvidoria, de forma presencial, na sede da Secretaria da Saúde, de segunda a sexta-feira, das 8h às 18h, pelo email: ouvidoria@saude.rr.gov.br ou ainda no telefone da Ouvidoria: (95) 98410-6188.
Informações: Roraima em Tempo