Secretária do governo devolve R$ 114 mil recebidos ilegalmente por quase dois anos

Gerlane firmou acordo para evitar que MPRR levasse adiante uma ação de improbidade administrativa. Ela alega ser vítima de ‘erro da administração pública’ - Foto: Arquivo Pessoal

A secretária de Representação do Governo de Roraima em Brasília, Gerlane Baccarin, teve que devolver R$ 114 mil recebidos ilegalmente por acúmulo de cargos públicos.

Procurados, a defesa e o governo disseram que a secretária foi vítima de uma falha na folha de pagamento. (Leia ao final da reportagem)

O Ministério Público Federal (MPF) iniciou as investigações, mas enviou o caso para o MPRR no ano passado. Em dezembro, o órgão levou à Justiça de Roraima uma denúncia contra a secretária.

Gerlane decidiu firmar um acordo para evitar que o Ministério Público de Roraima (MPRR) levasse adiante a ação por improbidade administrativa. O juiz Luiz Alberto de Morais Júnior homologou o acordo.

Ela é esposa do deputado federal Hiran Gonçalves, do PP, partido ao qual o governador Antonio Denarium se filiou. Além disso, a adjunta dela, Ângela Maria Gomes, é esposa do presidente da Câmara, Arthur Lira, também do PP.

Caso

Servidora efetiva do governo, Gerlane foi cedida para o Ministério da Saúde, onde exercia o cargo de Secretária de Gestão Estratégica e Participativa.

De acordo com o MPRR, ela recebeu entre janeiro de 2017 e setembro de 2018 os salários das duas funções. Ou seja, durante os 20 meses, o valor chegou a R$ 114.060,73.

No cargo estadual, pela função de administradora, ela recebia R$ 4.362,05. A reportagem não localizou a remuneração pela função federal.

De acordo com o órgão, Baccarin optou por receber o valor integral do salário no Ministério da Saúde. Sendo assim, não poderia receber pelo governo, o que ocorreu.

À época da abertura das investigações, Gerlanne disputava as eleições para a Prefeitura de Boa Vista e negou as acusações.

Contudo, durante o acordo com o MPRR, a secretária reconheceu os pagamentos irregulares e se comprometeu a devolver o dinheiro.

Citados

A defesa da secretária disse que “ocorreu um erro da administração estadual”, e garantiu que, tão logo a servidora detectou os pagamentos, agiu de “boa-fé” e devolveu os valores.

“Nunca houve qualquer tipo de condenação sobre o fato, até porque o erro foi da administração”, declarou. Sobre os pagamentos terem durado quase dois anos, a defesa não esclareceu.

O Governo de Roraima também alegou que a secretária “foi vítima de um erro na folha de pagamento”, mas já devolveu os valores.

Informações: Roraima em Tempo