Não devemos cassar ninguém para não interferir nas eleições, diz ministro do TSE.

Essa declaração foi dada por um dos ministros membros do TSE à CNN. O posicionamento deste ministro é tão absurdo e chocante que nos permite fazer algumas comparações igualmente toscas.

A CNN fala de um ministro, mas ao percebermos que o julgamento do governador Denarium não foi re-pautado, fica claro que a mensagem tinha fundo de verdade.

Em primeiro lugar, vamos deixar claro que o governador de Roraima foi cassado com provas válidas e contundentes, e não apenas uma vez, mas três vezes pelo TRE-RR.

Denarium precisa ser cassado exatamente para que não compre mais votos e leve seu grupo a tomar o controle de mais casas executivas sem ter a devida representação popular.

Já vivemos uma situação inusitada na eleição para a prefeitura de Boa Vista, onde a candidata de Denarium, Catarina Guerra, foi aceita sem vencer as convenções do União Brasil, como preconiza a lei eleitoral. Ela se apoiou em uma resolução fajuta que simula um poder de decisão absoluta da executiva nacional do União Brasil para escolher candidatos de forma unilateral e sem que tenham vencido as convenções.

Que exemplo é esse que o ilustre ministro quer passar para as cortes inferiores e para outros juízos? Deixemos os criminosos agirem exatamente no momento em que têm a oportunidade?

Então, seguindo este exemplo, um ladrão de banco deveria ser deixado livre para roubar mais bancos? Um pedófilo entrando numa creche não deve ser impedido? Um estuprador conhecido que esteja arrastando uma adolescente para o mato não deveria ser preso e impedido?

O CNJ precisa interferir nesse encaminhamento do TSE. O que vemos em andamento é um acinte jurídico e nos faz crer que a justiça no Brasil acabou.

Por qual razão se falou tanto em democracia se, no momento mais glorioso do sistema democrático, quem deveria zelar pela lei ajuda descaradamente o criminoso violador da democracia comprando votos?

Estará o TSE avalizando a compra de votos como algo genuíno?

Existe alguém no Brasil que ainda se importe com a democracia?