‘Já haviam indícios da gravidade da situação dos Yanomami’, diz ministra da Saúde

‘Já haviam indícios da gravidade da situação dos Yanomami’, diz ministra da Saúde
Yanomami enfrentam crise na saúde com malária e desnutrição – Foto: Divulgação

A ministra da Saúde (MS) Nísia Trindade, disse nesta quinta-feira (26) que já haviam vários indícios da gravidade da situação” que os Yanomami enfrentam antes mesmo dela assumir o cargo.

Conforme ela, diferentes setores do atual governo, que tem na equipe uma liderança histórica do movimento indígena, como Sônia Guajajara, vêm tratando da questão desde o início do processo de transição. Os indícios apareceram em documento do governo de Jair Bolsonaro (PL).

“É uma situação de abandono inadmissível. E eu diria que o abandono era como uma política – política que temos que superar com [ações de] cuidado e atenção integral à população indígena“, disse.

Gravidade

Além disso, as declarações da ministra reforçam a tese de que, até o fim do ano passado, o Governo brasileiro vinha negando “a gravidade dos fatos, fechando os olhos para a tragédia que já se anunciava e que agora causa tamanha consternação”, conforme sustenta o Ministério dos Direitos Humanos e da Cidadania.

‘Longa data’

Contudo, Entidades indígenas também têm destacado que as denúncias relativas à falta de assistência aos Yanomami vêm de longa data.

“[Esta] Não é uma situação revelada agora. Inúmeras vezes organizações indígenas e aliados denunciaram. Entre novembro de 2018 e dezembro de 2022, houve seis decisões judiciais nas diversas instâncias do Poder Judiciário, condenando o Estado a tomar as medidas urgentes necessárias”, sustenta assim, o Conselho Indigenista Missionário (Cimi), ligado à Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB).

Investigação

O Ministério Público Federal (MPF) investiga então, a presença ilegal de garimpeiros na área da União. Desde 1992, deveria ser destinada ao usufruto exclusivo do povo yanomami.

Assim, na última terça-feira (24), dois procuradores da República que atuam em Roraima, Alisson Marugal e Matheus de Andrade Bueno, criticaram a forma como as ações de fiscalização vinham sendo realizadas, com “resultados pontuais”, insuficientes para coibir a extração ilegal de madeira e minérios.

Do mesmo modo, os procuradores também lembraram que o MPF reuniu indícios de desvio de medicamentos essenciais ao atendimento indígena que motivaram a Polícia Federal (PF) a deflagrar, em 2022, a Operação Yoasi, para apurar a suspeita de que o direcionamento de licitações causou a falta de remédios simples, como os usados para combater verminoses.

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Além disso, o MPF estima que cerca de 10 mil crianças deixaram de receber os remédios de que necessitavam, o que pode ter agravado o quadro de subnutrição e acelerado a tragédia yanomami.

Relembre

O Ministério da Saúde enviou para Roraima equipes técnicas encarregadas de elaborar um diagnóstico sobre a situação de saúde dos cerca de 30,4 mil habitantes da Terra Indígena Yanomami. Na ocasião, o Governo Federal anunciou a primeira iniciativa para traçar, em parceria com instituições da sociedade civil, uma “nova estratégia inédita do governo federal para restabelecer o acesso” dos yanomami à “saúde de qualidade”.

Situação de emergência

Contudo, apenas cinco dias após as equipes começarem o trabalho in loco, o ministério declarou Emergência em Saúde Pública de Importância Nacional. Ele criou o Centro de Operações de Emergências em Saúde Pública. O responsável pela coordenação das medidas a serem implementadas. O que incui a distribuição de recursos para o restabelecimento dos serviços e a articulação com os gestores estaduais e municipais do Sistema Único de Saúde (SUS).

Fonte: Agência Brasil