Érica da Silva, de 30 anos, denunciou à reportagem nesta quarta-feira (15) o atendimento na Maternidade Nossa Senhora de Nazareth que resultou na morte do filho.
Em relato, a mulher disse que deu entrada na unidade na noite do dia 22 de janeiro com fortes contrações. Ela mora no município de Bonfim, interior de Roraima e estava grávida de 26 semanas. No entanto, faltavam cinco dias para completar 27. Conforme ela, seu quadro era de infecção urinária, dores e também perda de líquido.
“Eu dei entrada na maternidade dia 22, no domingo. E, fui sentindo muitas dores, contrações. Então, Chegando na maternidade me examinaram. E estava com perda de líquido e também com sangramento. Fizeram o toque em mim e falaram que não estava na hora do bebê nascer”, disse.
Ainda de acordo com Erica, no dia 26 ela sentiu a dor da contração ainda mais forte e assim disse ao médico que o filho iria nascer, no entanto, o médico falou que não poderia retirar a criança.
“Quando foi dia 27, umas 11h da noite eu senti a dor. Fui fazer xixi, senti o pé do bebê saindo. Corri com a enfermeira e disse: ‘enfermeira, o meu bebê está nascendo’. Então, ela me mandou direto com a doutora.
Descaso
No entanto, Érica disse que a médica que a atendeu, não prestou a devida assistência ao seu caso.
“A doutora não fez nada. Só ficou falando pra mim: ‘ah ele é prematuro, ele não pode nascer agora’. No entanto, eu disse: ‘mas ele está nascendo, olha o pezinho dele saindo, e ela lá, sentada só escrevendo papel.”
‘Violência Obstetra’
Contudo, a mulher foi então atendida por outro médico. Ele pediu então para que Érica fosse medicada para que as contrações fossem induzidas. No entanto, o bebê não conseguia sair. Durante o parto, ela disse que sentiu o médico puxar a criança pelos pés.
“Ele [o bebê] saiu com os pezinhos, não foi pela cabeça. O DR puxou porque eu senti estalo. Eu não fiz força. Só senti quando ele meteu a mão na minha vagina puxando o meu bebê. Procurando os bracinho e puxando ele. Eu falei, DR, o senhor vai matar o meu bebê. Eu senti que o meu bebê se espremeu e foi a única fez que senti ele se mexendo. Foi a única vez, porque depois eu já não sentia mais o bebê. Ele já estava duro.”
Negligência
Conforme Érica, a morte do bebê foi por negligência da Maternidade.
“Isso foi negligência do hospital, poderiam ter tirado logo o meu filho. Eles não queriam tirar ele porque falaram que ele era prematuro. Mas eu falei que eu não ia conseguir chegar porque eu senti muitas contrações fortes de que ele nasceria mataram o meu filho”, disse.
‘Dipirona e Buscopan’
Érica também disse que embora o seu quadro já inspirasse cuidados, em razão de sua ficha médica já trazer informações de diagnóstico para um mioma, Érica ainda disse que na maternidade os médicos apenas a medicaram com dipirona e buscopan.
“Desde a minha primeira ultrassonografia eu fiz particular acharam uma mioma, e isso eles já sabiam que mesmo fazendo o toque não dava para localizar o meu útero. […] As minha contrações sempre vinham e me davam buscopan. Sempre que falaram que eu sentia dor me davam dipirona.”
Do mesmo modo, a mulher também denunciou que outras pacientes internada na maternidade também recebem o mesmo tratamento que ela.
“Vi que as mães que estão do mesmo jeito que eu, eles só tratam com dipirona. A maioria das mães são assim, só com dipirona e buscopan. 42 semanas, 37 semanas, com contração forte. Além disso eles não fazem mais nada.”
Citado
A reportagem entrou em contato com a Secretaria de Saúde (Sesau) para posicionamento sobre o caso e aguarda retorno.
Fonte: Da Redação