Adversários no mata-mata da Europa League na tarde desta quinta-feira (16), Barcelona e Manchester United acostumaram-se a ser peças carimbadas na lista dos maiores clubes do mundo nas questões financeira e esportiva. Contudo, hoje em dia, ambos estão distantes do que foram na década passada, a ponto de não figurarem entre os times mais poderosos do momento.
Prova desse declínio está no estudo Football Money League, feito pela consultoria Deloitte desde a temporada 1996/97 e que aponta os clubes mais ricos do mundo a partir do que faturam somando todas as receitas. Nele, United e Barça estiveram juntos na liderança em 12 dos 26 anos.
No auge da era capitaneada por Sir Alex Ferguson, o Manchester United foi o “campeão” do ranking dos mais poderosos em dez anos diferentes, sendo o primeiro colocado ininterrupto de 1996 até 2004 e depois em dois momentos soltos, em 2015/16 e 2016/17. Já o Barcelona comandou a lista duas vezes seguidas, em 2018/19 e 2019/20.
Só que a realidade hoje é bem diferente. O United sequer fica no pódio desde 2019, revezando-se entre a quarta e a quinta posições, sua pior na história, em 2020/21. Pior: viu o rival Manchester City, envolvido em escândalos financeiros nos bastidores, ser o novo líder do ranking na última temporada, com faturamento de 731 milhões de euros (R$ 4 bilhões) – O United ficou em 688,6 milhões de euros (o equivalente a R$ 3,8 bilhões).
O Barça conseguiu ficar ainda pior: da quarta posição em 2020/21 até o sétimo lugar em 2021/22, justamente o levantamento mais recente, atrás de City, Real Madrid, Liverpool, United, PSG e Bayern de Munique. A arrecadação dos blaugranas foi de 638,2 milhões de euros, o mesmo que R$ 3,5 bilhões.
O que aconteceu com Barça e United?
Alguns fatores fizeram os dois clubes saírem das primeiras colocações entre os mais ricos, mas é claro dizer que houve um problema (grave) de gestão. O Barcelona que o diga: desde 2017, quando negociou Neymar por incríveis 222 milhões de euros, o clube espanhol passou a gastar muito mais em reforços e pagar salários imensos para essas estrelas.
A bolha explodiu definitivamente durante a pandemia, em que as receitas caíram na mesma proporção que as contas continuaram a aparecer. O auge da crise fez com que o clube fosse obrigado a abrir mão até de Lionel Messi, pois não foi possível registrar o novo contrato do astro de acordo com as normas financeiras de LaLiga. Sem poder ficar, o craque partiu para o PSG.
O Barcelona só conseguiu ser mais ativo no mercado este ano quando negociou novos contratos de patrocínio para sua camisa, vendeu naming rights do Camp Nou e abriu mão de direitos futuros no mercado, como participação em cotas de transmissão de competições que sequer começaram. Mas nem isso esconde o buraco que o clube ainda vive.
O United tem certa semelhança, uma vez que a família Glazer, que dirige o clube há quase duas décadas, virou refém de empréstimos bancários para turbinar os cofres em Old Trafford e foram pegos “de surpresa” pela pandemia. Sem as mesmas receitas dos tempos áureos, os Red Devils também entraram em crise, mesmo que isso não signifique uma redução nos gastos com reforços.
Nas últimas quatro temporadas, por exemplo, o United investiu incríveis 704 milhões de euros em novas contratações, o que representa R$ 3,97 bilhões. Não à toa, por conta disso tudo, ingleses e espanhóis estão hoje entre os clubes com maiores dívidas no mundo.
Sem contar Tottenham e Atlético de Madrid, prejudicados negativamente por conta da construção de seus novos estádios, Barcelona e Manchester United são os piores do indesejado ranking. A dívida estimada do Barça, somando todos os quesitos, atinge 1 bilhão de libras (R$ 6,28 bilhões), bem acima do United, com 771 milhões de libras (R$ 4,84 bilhões).
É com todo esse cenário por trás que os dois clubes se enfrentam nesta quinta, às 14h45 (de Brasília), com transmissão ao vivo pela ESPN no Star+. O Barça volta ao torneio após ser eliminado na fase de grupos da Champions League, enquanto o United passou pela etapa classificatória para tentar um título internacional que não acontece desde 2017.
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