Nova fase da Lava Jato investiga repasses do grupo Oi para empresa de filho de Lula

MPF questiona pagamentos de R$ 132 milhões feitos a firmas de Fábio Luis Lula da Silva, e diz que parte foi usada no sítio de Atibaia (foto: Divulgação/PF)
MPF questiona pagamentos de R$ 132 milhões feitos a firmas de Fábio Luis Lula da Silva, e diz que parte foi usada no sítio de Atibaia (foto: Divulgação/PF)

A 69ª fase da Operação Lava Jato, iniciada nesta terça-feira (10), investiga repasses de mais de R$ 100 milhões do grupo Oi/Telemar para empresas de Fábio Luis Lula da Silva, um dos filhos do ex-presidente Lula. A Polícia Federal foi autorizada a cumprir 47 mandados de busca a apreensão.

O Ministério Público Federal (MPF) diz que as empresas do filho do Lula (Gamecorp/Gol) não tinham capacidade de prestar os serviços para os quais foram contratados pela Oi/Telemar. A Gamecorp/Gol desenvolve livros e aplicativos para celular, entre outros serviços ligados à tecnologia. Ainda segundo o MPF, os repasses ocorreram entre 2004 e 2016 – período em que o grupo de telecomunicações foi beneficiado por medidas do governo federal, comandado pelo PT no período.

O site G1 fez contato com a Oi às 8h50, com a assessoria de imprensa do Instituto Lula e com o escritório Teixeira Martins, que representa Lula e que já representou Fábio Luis, às 9h. Até a última atualização desta reportagem, o G1 não havia obtido resposta das pessoas procuradas e não havia conseguido contato com a nova defesa de Fábio Luis e os demais citados.

A ação foi batizada de Mapa da Mina e é um desdobramento da 24ª etapa da Lava Jato, em que o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva foi levado a depor. Na ocasião, a defesa negou envolvimento em irregularidades, e o ex-presidente disse ter se sentido um “prisioneiro”.

Por volta das 8h, as buscas eram realizadas em São Paulo, no Rio de Janeiro, na Bahia e no Distrito Federal. A 69ª fase da Operação Lava Jato foi autorizada pela 13ª Vara Federal de Curitiba.

Grupo Gamecorp/Gol

A estruturação do grupo Gamecorp/Gol foi, de acordo com o MPF, comandada por Fábio Luis Lula da Silva, Fernando Bittar, Kalil Bittar e Jonas Suassuna.

As investigações do MPF apontam que as empresas do grupo não possuíam mão de obra e ativos compatíveis com a efetiva prestação dos serviços para os quais foram contratadas pela Oi/Telemar.

O MPF informou que também são cumpridos mandados de busca e apreensão com a finalidade de apurar indícios de irregularidades no relacionamento entre o grupo Gamecorp/Gol com a Vivo/Telefônica.

Segundo o MPF, essa verificação é relacionada ao projeto “Nuvem de Livros”, em que foi constatada movimentação de R$ 40 milhões entre a Movile Internet Móvel, empresa do grupo Telefônica/Vivo, e a Editora Gol entre janeiro de 2014 e janeiro de 2016.

Mapa da Mina

O nome desta etapa da operação, segundo a PF, foi retirado de arquivo eletrônico de apresentação financeira interno do grupo econômico. Esse material foi apreendido na 24ª fase da Lava Jato.

O arquivo indicava como “mapa da mina” as fontes de recursos provenientes da maior companhia de telefonia investigada, conforme a PF.

O que diz a Telefônica/Vivo

Por meio de nota, a Telefônica/Vivo informou que a PF está nesta terça-feira na sede da empresa, em São Paulo, buscando informações a respeito de contratos específicos de prestação de serviços realizados.

“A empresa está fornecendo todas as informações solicitadas e continuará contribuindo com as autoridades. A Telefônica reitera seu compromisso com elevados padrões éticos de conduta em toda sua gestão e procedimentos”, diz um trecho da nota.

Informações: G1