Coopebras recebeu cerca de R$ 5 milhões do governo de forma ‘indevida’, diz Polícia Civil de RR

Polícia Civil prestou esclarecimentos sobre a Operação Tracto em coletiva nesta quarta-feira (30) — Foto: Fabrício Araújo
Polícia Civil prestou esclarecimentos sobre a Operação Tracto em coletiva nesta quarta-feira (30) — Foto: Fabrício Araújo

A Cooperativa Brasileira de Serviços Múltiplos de Saúde (Coopebras) recebeu cerca de R$ 5 milhões do governo para pagar jornadas de trabalho que não foram cumpridas por médicos do estado, informou na tarde desta quarta-feira (30) a Polícia Civil sobre a operação Tracto deflagrada em Boa Vista e Rorainópolis, Sul do estado.

A Civil suspeita que o esquema de desvios coordenado pela Coopebras ocorreu entre 2016 a 2019, em fraudes que envolvem médicos, administradores e contadores, segundo as investigações. O caso é investigado na Delegacia de Crimes Contra a Administração Pública (DRCAP).

As investigações apontam que funcionários contratados pela cooperativa trabalhavam em outros estados recebendo até R$ 45 mil por mês pela empresa com verbas da Saúde de Roraima.

Por telefone, o advogado da Coopebras, Wellington Sena, disse que como o caso ainda está em investigação, qualquer informação repassada neste momento pode ser imprecisa. Afirmou ainda que, caso haja denúncia, tudo será esclarecido dentro do processo.

Durante a Tracto foram cumpridos quatro mandados de busca e apreensão nas casas do presidente, vice-presidente e médicos ligados a cooperativa. Policiais recolheram documentos e escalas de plantão nas residências.

“Nossas investigações são referentes ao período de 2016 à 2019 porque conseguimos observar que houve um aumento nos pagamentos e sobreposições de horários [dos médicos]. As maiores irregularidades ocorreram em 2018 e 2019”, pontuou o delegado da DRCAP, João Evangelista.

Segundo o delegado, a Coopebras ainda possui contrato com o governo do estado. “São renovados a cada gestão e há vários contratos. O que está em vigor dura desde 2017”, disse ele.

Conforme a delegada Magnólia Soares, titular da DRCAP, a Coopebras possui irregularidades desde 2011, quando foi fundada.

Além dos cumprimentos dos mandados, foram presos na operação o vice-presidente da Coopebras e um médico ligado a cooperativa.

O vice-presidente, identificado pelas iniciais E. P. V foi preso com um rifle em sua residência, num condomínio de luxo na zona nobre de Boa Vista. O médico foi preso em Rorainópolis com dois revólveres, um calibre 12 e outro 38. Os dois pagaram fiança, foram liberados e devem responder em liberdade porte ilegal de arma de fogo.

A Tracto é uma continuidade da Operação Hipócrates deflagrada em julho deste ano e que investiga o cumprimento de jornadas duplas de trabalho de médicos. Na prática, os profissionais eram escalados para a mesma função, no mesmo período pelo governo e pela Coopebras e recebiam por ambos.

Hipócrates

Em 23 de julho, a Polícia Civil apreendeu escalas de serviços, relatórios médicos, livros de ocorrências dentro do hospital e material financeiro da Coopebras e de ponto do HGR. As buscas ocorreram no Hospital Geral e em diversas clinicas particulares que também não foram citadas por conta do sigilo.

Se constatado prejuízo após levantamento financeiro, os envolvidos deverão restituir os cofres públicos do estado. Os contratos da Secretária de Saúde (Sesau) com a Coopebras variam de R$ 7 milhões a R$ 10 milhões mensais.

Informações: G1 Roraima