MP denuncia à Justiça policiais civis de RR que hostilizaram promotor e depredaram carro oficial em protesto

Sob escolta de agentes da unidade elite da Polícia Civil, promotor Massato Kojima deixa delegacia em Boa Vista — Foto: Valéria Oliveira
Sob escolta de agentes da unidade elite da Polícia Civil, promotor Massato Kojima deixa delegacia em Boa Vista — Foto: Valéria Oliveira

Quatro policiais civis foram denunciados à Justiça pelos crimes de desacato e dano ao patrimônio público. Eles são acusados pelo Ministério Público de Roraima de terem hostilizado um promotor e depredado um carro oficial durante protesto em dezembro do ano passado, em Boa Vista.

A investigação, conduzida pelo Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco), chegou aos agressores após vídeos feitos durante a manifestação que ocorria na frente do 5º Distrito Policial, onde também funciona a Central de Flagrantes da Polícia Civil. A presidência do Sindicato dos Policiais Civis de Roraima (Sindpol) divulgou nota de repúdio criticando a atuação do MP.

À época, o promotor Masato Kojima foi à delegacia acompanhado de um policial militar para tratar sobre os serviços que deveriam ser prestados a população mesmo com paralisação dos servidores. A manifestação cobrava salários atrasados.

A confusão ocorreu quando Kojima saiu de dentro do prédio. Na saída, ele e o PM foram hostilizados pelos manifestantes.

“Um dos policiais civis denunciados jogou gás de pimenta em direção ao veículo em que estavam o Promotor e o PM. O policial militar chegou a ser agredido fisicamente e o veículo do MPRR foi depredado”, cita um trecho da denúncia.

O carro em que o promotor estava teve os três pneus furados. Ele só conseguiu sair da frente da delegacia uma hora depois e sob escolta policial. O veículo precisou ser guinchado.

Na denúncia, o MPRR também pediu o ressarcimento de R$ 3.065,85, referente aos danos causados no carro, e a condenação dos policiais civis por, (6 meses a 2 anos de prisão) e dano ao patrimônio público (6 meses a 3 anos de prisão e multa).

Além do caso do promotor hostilizado, o Gaeco também investiga o protesto em que agentes penitenciários queimaram pneus e fecharam o acesso à sede administrativa do Tribunal de Justiça de Roraima, também do ano passado. Na ocasião, um ministro do superior Tribunal de Justiça (STJ) visitava o local.

Os dois protestos, dos policiais civis e dos agentes penitenciários, ocorreu no fim do ano em meio a uma série de atos em que servidores cobravam o pagamento de salários atrasados. Na época, quartéis da PM foram fechados por mulheres de militares, secretarias tiveram os acessos bloqueados. Os atos cessaram após intervenção do governo federal.

Sindicato de policiais repudia

Em nota, o presidente Sindpol, Leandro Almeida, criticou a medida tomada pelo MP. Ele afirmou que a categoria foi pega de surpresa com a notícia da denúncia e que os denunciados “e/ou qualquer testemunha” foram ouvidas.

“Naquele período sombrio, além da Polícia Civil, todo o serviço público estadual (poder executivo) estava paralisado, não só por atraso de salários, mas pela completa falta de papel, combustível, água potável, limpeza dos prédios públicos, etc”, afirmou. “Servidores perderam veículos e casas financiadas, por atraso no pagamento das prestações, todos (salvo raras exceções) estávamos em clima de desespero. As consequências dos quase 120 dias de atraso nos salários ainda são sentidas até os dias atuais”.

A nota finaliza afirmando que “o Sindicato dos Policiais Civis se solidariza com os quatro servidores alvos da acusação ministerial e manifesta o seu total e veemente repúdio”.

Informações: G1 Roraima