Um cirurgião-dentista bucomaxilo afirmou que documentos da Secretaria de Estado da Saúde (Sesau) foram levados pela atual coordenadora do setor de cirurgia da especialidade após a sala no Hospital Geral de Roraima (HGR) ser arrombada. A informação foi dada à CPI da Saúde, nesta quinta-feira (27).
O especialista, que havia assumido o cargo de coordenador do setor anteriormente, disse que recebeu solicitação para entregar os documentos que tinham informações sobre as cirurgias, memorandos, procedimentos e plantões realizados.
Segundo ele, após o pedido, a servidora, uma médica e a ex-secretária de Saúde, Cecília Lorenzom, foram até a unidade, mas a porta estava trancada. “Elas ligaram para todos os servidores para que abrissem a porta. Ninguém abriu. Elas arrombaram a porta com um chaveiro e levaram todos os documentos”, declarou.
Durante depoimento, o profissional recordou que no dia da solicitação para entrega dos documentos, ele respondeu, por ofício, onde os papeis estavam, já que nunca tinham sido retirados da coordenação. De acordo com ele, a atual coordenadora garantiu que o especialista tinha se recusado a entregar a papelada.
A coordenadora já prestou depoimento à CPI da Saúde. Na ocasião, disse que o especialista formou organização criminosa para realizar cirurgias e ser beneficiado com o pagamento em clínicas particulares. Ele negou todas as acusações e falou que é perseguido.
CIRURGIAS
O cirurgião justificou que há “aumento na história” sobre as cirurgias de buco-maxilo-faciais. Alegou que houve apenas seis cirurgias judicializadas, que não foram pagas aos profissionais. De acordo com ele, a falta de materiais era recorrente e orientou “milhares de pacientes a procurarem a Justiça”.
Ele frisou que a atual coordenadora, ao assumir, retirou parte dos plantões dos médicos, e que ganha, em média, R$ 32 mil pela Cooperativa Brasileira de Serviços Múltiplos de Saúde (Coopebras), valor superior à maioria do salário de outros especialistas.
Ainda de acordo com o depoente, a coordenadora não possui registro no Conselho Regional de Odontologia (CRP-RR), o que seria ilegal para a realizar procedimentos cirúrgicos.
“Ela é recém-formada e começou a trabalhar em setembro [de 2019], carimbando com um CRO de Manaus. Ela não poderia atender nenhum dia em Boa Vista. Além disso, o curso dela só foi reconhecido em dezembro do ano passado e o diploma dela é de fevereiro de 2020”, destacou.
CITADAS
A Sesau informou que ao iniciar o trabalho, a atual gestão deu início à reorganização dos serviços nas unidades hospitalares, incluindo a área de buco-maxilo-facial, e que tem adotado medidas para promover o bom desempenho das atividades.
“Reitera que tem o compromisso de realizar uma gestão pautada na transparência na prestação dos recursos públicos e tem mantido contato direto com os órgãos de controle, para assegurar o bom relacionamento com foco no respeito aos princípios da Administração Pública”, complementou.
Procurada, a ex-secretária Cecília Lorenzon ainda não se manifestou.
Informações: Roraima em Tempo – Foto: Eduardo Andrade