Roraima registrou o maior crescimento populacional do país entre todos os estados nos últimos seis anos, com um aumento populacional de 20%, quase o dobro dos outros dois estados que ficaram com o 2° e o 3° maiores aumentos (Amapá; com 13,9% e Amazonas; com 10,8%) e bem acima da média de crescimento populacional do Brasil, com 5,1%.
As informações foram divulgadas na última semana e fazem parte da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (Pnad) do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
O módulo Características Gerais dos Domicílios e dos Moradores apresenta dados sobre domicílios (cobertura e material das paredes, se próprio ou alugado, bens duráveis existentes, presença de banheiro, ligação com rede geral de abastecimento de água, esgoto e energia elétrica e destinação do lixo) para 2016 e 2018, e seus moradores (distribuição geográfica da população, sexo e idade e cor ou raça), de 2012 a 2018.
A pesquisa já leva em conta os efeitos da migração venezuelana. A partir de abril, as estimativas da PNAD Contínua passaram a ser divulgadas com base na projeção da população brasileira em 2018, o que significa que todas as estimativas foram recalculadas, incluindo os venezuelanos que chegaram ao Brasil.
Em 2012, a população de Roraima era de 469.524 habitantes. A projeção de população do IBGE estima que 576.568 habitantes vivam no Estado atualmente.
MIGRAÇÃO
De acordo com Liezer Pino, supervisor de documentação e disseminação de informações do IBGE em Roraima, o aumento registrado no período é quase todo motivado pela chegada de venezuelanos a Roraima, fugindo da fome e da grave crise humanitária que assola o país vizinho e que contribui para a chegada de imigrantes desde 2015.
“O aumento corresponde predominantemente aos venezuelanos, devido ao grande fluxo migratório que o estado vem sofrendo”, explica Liezer, que aponta ainda que a maior parte dos migrantes está concentrada em apenas duas cidades.
“99% ficam concentrados em Pacaraima por conta da proximidade com o país [Venezuela] e Boa Vista, tendo em vista que a Capital é um destino desejado pelos imigrantes em Roraima. O restante está distribuído nos outros municípios”, complementa.
Embora a situação em Boa Vista tenha melhorado, cerca de sete mil venezuelanos ainda estão espalhados nos mais de 10 abrigos da Operação Acolhida e ainda há cerca de 1.600 venezuelanos em situação de rua, segundo dados de março da Organização Internacional da Migração (OIM) e do Exército. Mais de cinco mil venezuelanos foram interiorizados e já estão em outros Estados brasileiros.
POR SEXO
Em 2018, as mulheres representavam 51,7% da população. O padrão foi acompanhado pela maioria das unidades da federação, com exceção de Tocantins (49,0%) e Roraima (49,4%). As maiores proporções de mulheres estavam em Rio de Janeiro (53,2%), Pernambuco (53,0%) e Sergipe (52,6%).
DOMICÍLIOS
O número de domicílios no Brasil cresceu de 69,5 milhões para 71,0 milhões em 2018, representando um aumento de 2,2%. O maior crescimento relativo foi da Região Norte, 3,1%, enquanto o Nordeste teve a menor expansão, 1,7%. Em relação a 2016, o aumento foi de 3,1% (2,1 milhões de unidades) no país.
Em 2018, 60,1 milhões de domicílios eram casas, equivalendo a 86,0% do total, um aumento de 910 mil unidades frente a 2017. Os apartamentos, que tinham sofrido retração de 2016 para 2017 (-3,1%), cresceram 7,1% em 2018 (mais 651 mil unidades).
FAIXA ETÁRIA
Em 2018, no Brasil, a população de 0 a 13 anos de idade correspondia a 18,6% do total, percentual que correspondia a 20,9% em 2012. Os estados com maiores proporções de pessoas nessa faixa etária eram Amapá (25,0%), Acre e Maranhão (ambos com 24,0%).
Em 2012, as pessoas de 65 anos ou mais de idade representavam 8,8% da população nacional e, em 2018, passou para 10,5%. Em 13 unidades da federação os idosos nesse grupo correspondiam a 10% ou mais da população.
Na divisão da população por cor ou raça, a Bahia tem o maior contingente de pessoas declaradas pretas (22,9%) que ultrapassam as brancas (18,1%). O estado com o segundo maior percentual de pessoas pretas é o Rio de Janeiro (13,4%).
CASAS E APARTAMENTOS
A pesquisa mostrou que o Brasil tem hoje 71 milhões de domicílios contra 69,5 milhões em 2017 – um aumento de 2,2% ou 1,5 milhão de unidades domiciliares. O maior aumento ocorreu na região Norte (3,1%) e o menor no Nordeste (1,7%). A maioria dos domicílios (86,0% ou 60,1 milhões) é de casas. Apenas 13,8%, ou 9,8 milhões, são apartamentos – embora estes estejam em expansão.
Os domicílios próprios já pagos representam 66,7% (47,4 milhões) do total; e 5,9% (4,2 milhões) eram próprios mais ainda estavam sendo pagos. Domicílios alugados são 18,1% (12,9 milhões) e cedidos são 9,1% (6,4 milhões). Em relação a 2017 houve um aumento dos domicílios alugados de 5,3%
Na grande maioria dos domicílios, 88,2% ou 62,6 milhões, as paredes são de alvenaria com revestimento. A maioria, 77,6% (55,1 milhões), tem piso de cerâmica, lajota ou pedra.
A Pnad investigou também a existência de alguns bens de consumo nessas. A geladeira foi encontrada em quase todos os domicílios brasileiros: 98%, sendo que, em todas as regiões, o porcentual é superior a 90%.
A posse de máquina de lavar apresenta maiores discrepâncias, com média nacional de 65,1%. Os menores porcentuais estão no Nordeste (36,2%) e Norte (42,8%) e os maiores no Sul (85,8%) e Sudeste (77,9%). No Brasil, 48,8% das casas possuem carro, 22,2% têm motocicleta e 11,1% ambos.
POPULAÇÃO JOVEM DIMINUI
A Pnad fez ainda um levantamento sobre os moradores. Segue a tendência de queda da proporção de pessoas com menos de 30 anos: em 2012, elas eram 47,6% da população e, agora, 42,9%. A população acima dos 30 anos registrou crescimento, atingindo 57,1% no ano passado. A parcela de pessoas com mais de 65 anos representa 10,5% da população.
Outra tendência que se manteve estável foi o porcentual de homens (48,3%) e mulheres (51,7%) na população, que se mantém inalterado desde 2012.
Um fato chamou a atenção dos pesquisadores no quesito “cor ou raça” da população. O número de entrevistados que se declarou branco caiu, enquanto o porcentual de pardos e pretos aumentou. Para os especialistas, tal alteração estaria relacionada às políticas afirmativas.
Neste último levantamento, a população autodeclarada branca representava 43,1% da população, ao passo que a população de pardos correspondia a 46,6% e a de pretos, a 9,3%. Em 2012, esses porcentuais eram, respectivamente, 46,6%, 45,3% e 7,4%.
Informações – Roraima Em Tempo – Foto – Agência Brasil