“Eu vim em busca de uma melhor qualidade de vida para mim e para ela”, disse Daniela Rojas, de 21 anos, três dias depois de ter sua bebê na única maternidade pública de Roraima, em Boa Vista. É onde ao menos sete venezuelanas deram a luz por dia em 2019, quase o dobro do ano passado.
Na fronteira com a Venezuela, o estado registrou entre janeiro e julho deste ano, quase 1,6 mil nascimentos de filhos de venezuelanas, ao passo que teve o maior aumento populacional do Brasil do último ano, conforme o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
“Na Venezuela não tem trabalho, remédios, comida e nem fraldas”, explica Daniela, que se viu obrigada a cruzar a fronteira do Brasil um mês antes do parto devido à crise econômica, política e social no país vizinho. Por dia, entre 500 e 600 venezuelanos fazem o mesmo caminho. “A viagem foi difícil e muito cansativa para uma grávida”.
É o grupo de pacientes que mais cresce no Hospital Materno Infantil Nossa Senhora de Nazareth, a única maternidade pública de Roraima, que atende pacientes dos 15 municípios do estado. São 31 partos por dia na unidade, dos quais 25% são só de mães vindas do país vizinho.