Pacientes internados no Hospital das Clínicas Dr. Wilson Franco (HC), no Pintolândia, zona Oeste de Boa Vista, esperam há mais de um mês por uma previsão para realizar cirurgias ortopédicas.
O Hospital Geral de Roraima (HGR), que realiza cirurgias eletivas, incluindo ortopédicas, suspendeu os procedimentos após se tornar unidade referência no tratamento de pacientes com coronavírus.
Para tentar desafogar o HGR, um hospital de retaguarda foi construído no Estádio Canarinho. Ele começou a receber pacientes no dia 10 de abril, mas desativou os serviços na semana passada, após problemas de infiltração.
Maria dos Reis Silva, mãe de paciente que aguarda há sete meses por cirurgia no fêmur, conta que a falta de materiais para o procedimento já era uma realidade antes da pandemia. A cirurgia do filho, Vancley Santos Silva, já foi adiada quatro vezes, e não há nova data.
“Meu filho sofreu um acidente de moto no dia 12 de outubro, em Mucajaí. Ele foi para o HGR, ficou internado por 18 dias, foi transferido para o HC, ficou internado mais três meses, e foi mandado para casa por falta de materiais para a cirurgia. Tivemos retorno marcado para março, voltamos para o HGR, passamos pela Unidade Canarinho, e agora estamos no HC de novo. Estou numa luta constante pelo meu filho, e só queria uma resposta do Estado”, desabafou.
Lindonézia Leonardo enfrenta drama parecido. Ela é irmã de Eudes Carlos da Silva, paciente ortopédico internado há mais de um mês, que também espera por cirurgia no fêmur. Ela explicou que ele caiu enquanto passava pano no chão, no município de São Luiz, em abril. Assim como o Vancley, Eudes passou pelo HGR, foi transferido para o Canarinho, e atualmente está no HC.
“Ele é diabético. Os médicos comentam que as cirurgias só voltarão a ocorrer em setembro, mas todos os dias eles dão informações diferentes. Sabemos que isso não é culpa dos médicos e enfermeiros, mas sim de uma má gestão, e os profissionais sofrem com isso também”, lamentou.
Outro paciente, Jhonata Brito também está internado há um mês esperando por cirurgia no fêmur, após sofrer acidente de moto no dia 21 de abril.
“Toda vez que chovia, alagava. Isso sem falar das goteiras. Agora que estou no HC, os médicos me dizem que as cirurgias eletivas só serão retomadas em setembro, no melhor cenário. Meus pais cogitaram pagar por uma cirurgia particular, mas o orçamento ficou caro demais, chegando a R$ 35 mil”, relatou.
OUTRO LADO
Em nota, a Secretaria de Estado da Saúde (Sesau) afirmou que pacientes transferidos do Canarinho para o HC e Hospital Lotty Íris deverão passar por procedimento cirúrgico nos próximos dias, “uma vez que equipamentos médico-hospitalares (perfuradores ortopédicos) utilizados para as cirurgias ortopédicas, que estavam em manutenção preventiva, já retornaram, assim como os insumos médicos que já começam a chegar ao Estado”.
A Secretaria reforçou que mesmo com os problemas estruturais, a Unidade Canarinho não será desativada, e estrutura ficará à disposição caso haja a necessidade de disponibilizar mais leitos de retaguarda.
Informações: Roraima em Tempo – Foto: Edinaldo Morais