Chico Rodrigues, Mecias e Jhonatan de Jesus teriam se beneficiado com esquema na Sesau

Os senadores Chico Rodrigues (DEM) e Mecias de Jesus (Republicanos), o deputado federal Jhonatan de Jesus (Republicanos) e o vereador Rômulo Amorim (PTC), teriam se beneficiado de esquema de corrupção na Saúde, que favoreceu empresa que vendeu testes rápidos para Covid-19 no início da pandemia em Roraima.

A informação consta em documento enviado pela Polícia Federal (PF) ao ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Luís Roberto Barroso. Ontem, ele determinou o afastamento de Chico Rodrigues do cargo, mas negou a prisão preventiva do senador.

Os documentos revelam que um ex-coordenador de Urgência e Emergência da Secretaria de Estado da Saúde (Sesau) depôs à PF e relatou que teria sido pressionado pelo vereador Rômulo Amorim, no dia 16 de abril, a direcionar licitação de urgência para compra de testes rápidos. O objetivo era beneficiar um empresário sócio de empresas do ramo hospitalar.

“Tal certame estaria vinculado a emendas parlamentares do deputado Federal Johnatan Pereira de Jesus e do Senador Antônio Mecias Pereira de Jesus, cada qual no valor de R$ 2,5 milhões“, afirma trecho do inquérito.

Esse ex-servidor disse ainda que presenciou o empresário ligando para o deputado Johnatan de Jesus. O parlamentar teria confirmado ao então coordenador que tanto o vereador Rômulo como o empresário atuariam em nome dele, na busca de interesses em comum.

No mesmo dia, o coordenador explicou que se reuniu com o então secretário de Saúde, Francisco Monteiro, um representante de empresas que já tinham contrato com a Sesau, e o deputado estadual Jefferson Alves (PTB).

Segundo o depoimento, nessa reunião, o empresário exigiu pela contratação de uma das empresas para fornecer 3 mil testes por R$ 4,9 milhões. No dia seguinte, o ex-coordenador foi exonerado.

INFLUÊNCIA

PF aponta influência de Chico na secretaria – Foto: Divulgação/Agência Senado

A PF também aponta provas de que Chico Rodrigues teve influência na demissão do secretário de saúde Allan Garcês, no dia 14 de fevereiro, após atritos com o então secretário adjunto, Francisco Monteiro.

Para a investigação, existem evidências em conversas por mensagem de aplicativo, entre Chico e o ex-servidor denunciante, de que Monteiro tinha ligação com Chico, pois facilitava a contratação de empresas previamente definidas. Após a demissão de Allan Garcês, Monteiro foi nomeado novo secretário.

“[…] a autoridade policial ressaltou a existência de diálogos mantidos entre eles em aplicativo de telefone celular. Em tais conversas, o Senador tranquiliza [o denunciante] sobre sua permanência no cargo ocupado na Secretaria de Saúde. Após [o denunciante] dizer ao Senador que precisaria de ajuda para manter sua função no órgão estadual, lembrando-lhe que trabalha ‘somente com suas emendas’ […] Em 14 de abril, [o denunciante] demonstra, em conversa com o Senador Chico Rodrigues, preocupação com a exoneração de Francisco Monteiro – Secretário Adjunto que, segundo o denunciante, estava “dando total apoio às suas demandas” – pelo então Secretário da Saúde Allan Garcês. O senador responde simplesmente “ok”. No dia seguinte, 15.02.2020, Allan Garcês foi exonerado e Francisco Monteiro nomeado novo Secretário da Saúde”, narra o documento.

A investigação aponta que Chico tinha um servidor que era considerado “operador” dentro da Sesau. Ele ajudava, junto com o ex-coordenador, a viabilizar contratos em caráter emergencial com empresa de distribuição de Equipamentos de Proteção Individual (EPIs), cujo sócio é cunhado da assessora do parlamentar, que é casada com o operador.

Também existem mensagens que apontam a preocupação de Chico com o pagamento da esposa de um sócio de outra empresa, que forneceu insumos médicos para a Sesau. O denunciante responde que adiantou o valor de R$ 2,6 milhões para ela.

“Há registro de contato entre [a mulher] e [o denunciante] no qual o denunciante encaminha áudio de uma pessoa, provavelmente uma servidora pública, cobrando a designação de um fiscal para o contrato com a [empresa beneficiada], uma vez a empresa contratada entregara álcool 65%, ou seja, ineficaz para o objeto do contrato, que era a limpeza e a esterilização contra o Covid-19”, aponta outro trecho do documento, apontando irregularidades na disponibilização de álcool 70% pela empresa.

CITADOS

A reportagem entrou em contato com as assessorias de Mecias e Jhonatan de Jesus, Rômulo Amorim e Jeferson Alves, mas não recebeu respostas sobre o caso. 

Informações: Roraima em Tempo – Foto: Reprodução/Agência Brasil